Questionado sobre os sinais de tensão com o Egito após declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), o diretor presidente global da BRF, Pedro Parente, se mostrou preocupado, visto que o Oriente Médio é um dos mercados mais relevantes para a companhia. “Olhamos com preocupação”, disse a jornalistas durante teleconferência para comentar os resultados financeiros do terceiro trimestre.
Nesta semana, o governo do Egito adiou visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos. Oficialmente, o governo egípcio informou que o adiamento sem data estabelecida foi necessário por causa de compromissos inadiáveis das altas autoridades do país. Nos bastidores, porém, comenta-se que o motivo foi o anúncio de Bolsonaro de que pretende mudar a Embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.
“Temos importantes parceiros comerciais na região. O mercado halal é muito importante, mas acreditamos que o melhor encaminhamento para o país será tomado”, acrescentou Parente. No terceiro trimestre de 2018, o segmento Halal representou 280 mil toneladas em vendas, queda de 8,3% em relação ao ano anterior. Já a receita operacional líquida atingiu R$ 2,208 bilhões, avanço de 14,3% ante o terceiro trimestre de 2017, impulsionada pelo aumento dos preços na região do Golfo, com destaque para a Arábia Saudita, resultante do melhor equilíbrio na oferta e demanda na região e da proibição de embarque de frangos abatidos após atordoamento elétrico.
O diretor vice-presidente executivo global, Lorival Luz, afirmou, inclusive, que é possível “estudar oportunidades de produção na Arábia Saudita”, dado o crescimento daquele mercado. Ele também destacou a importância do mercado da Turquia para produtos halal.
Mais cedo, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), futura ministra da Agricultura, destacou a preocupação do setor exportador com as declarações de Bolsonaro que desagradaram países árabes, grandes parceiros comerciais. “Eu tenho certeza que nós vamos conversar sobre isso com o presidente. Estou recebendo ligações de pessoas aqui no Brasil. É gente que exporta, da indústria ligada ao setor de carnes, principalmente aquelas com mais problemas com esse mercado árabe.”
Sobre Tereza Cristina, Pedro Parente afirmou ter uma “visão extremamente positiva” da deputada. “Recebemos muito bem a indicação da ministra da Agricultura, que vai ajudar bastante o agronegócio do Brasil”, disse. (Estadão)