Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto

Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

Durante 45 dias, entre o início de outubro e a metade de novembro, os preços pecuários cederam com a chegada mais intensa dos animais do 2º giro de confinamento e negociados por meio do termo. Além disso, o fim da campanha eleitoral esfriou ligeiramente o consumo de carne no varejo.

A concentração de oferta facilitou a composição das programações de abate, forçando os preços para patamares menores. Em 14/nov, a arroba ficou em R$ 144,60, o menor valor em quase 3 meses (segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA).

O fato é que a partir da segunda metade de novembro, a oferta de animais terminados recuou, encurtando as escalas de abate rapidamente e de modo generalizado, com queda de 15% entre a 3ª e a 5ª semana de novembro (gráfico 1).

Em São Paulo, as escalas recuaram de 10,9 para 7,5 dias úteis, variando 31 p.p. No Mato Grosso, caíram de 8,3 para 6,8 dias, recuo de 18 p.p. Nessa perspectiva, os preços ganharam firmeza ao longo das duas últimas semanas.

Além da dificuldade de originação das indústrias (ilustrada pelas escalas de abates mais estreitas), outros fatores importantes também apontam para uma possível firmeza nos próximos meses.

Por exemplo, as proteínas seguem sustentadas no atacado, apesar da queda sazonal do consumo na 2º metade do mês. E o boi casado mantendo os patamares ao redor de R$ 10,00/kg, colabora para manter o spread carne com osso/arroba da indústria em patamares ainda positivos.

As exportações também têm papel importante para suporte dos preços, e após dois recordes mensais consecutivos em agosto e setembro, os embarques continuaram em níveis elevados em outubro e novembro.

Entre janeiro e novembro deste ano, foram enviadas 1,227 milhão de toneladas ao exterior, um crescimento de 11,8% quando comparado com o mesmo período do ano passado. É possível que o crescimento das exportações se amplie ainda mais, podendo chegar a 13% (projeção Agrifatto).

O consumo e a economia buscam se fortalecer, mas as incertezas que permearam 2018 limitaram o movimento de retomada.

A demanda interna, importante motor de recuperação econômica e do preço da arroba, vem se recuperando – embora em ritmo ainda lento. O consumo se fortalece na esteira de taxas menores de desemprego, ampliando a massa salarial (apesar deste movimento ser puxado pelo avanço da informalidade).

Para 2019 as projeções são mais otimistas. Atualmente, o Banco Central projeta crescimento do PIB de 2,53% para o próximo ano. Entretanto, a perspectiva é que este indicador ainda passe por ajustes negativos.

Veja como o B3 (antiga BM&F) projeta as cotações para 2019.

O gráfico 4 ilustra as médias dos últimos 5 dias úteis de cada mês e as projeções do mercado futuro (B3).

Por fim, os bons volumes de chuva nesta temporada favorecem o desenvolvimento das pastagens, evitando pressão de venda de boiadas quando as indicações de preço estão abaixo do esperado. Este deverá ser um importante fator de suporte para a virada do ano.

E assim, os contratos na B3 (antiga BM&F) para o início de 2019 parecem bem precificados, com equilíbrio ao redor de R$ 150,50/@. Dependendo do desempenho do consumo, os contratos futuros podem exibir reajustes positivos, mas já colocam oportunidades de fixação de preços, além de indicarem dificuldade de subir muito além dos atuais patamares neste momento.

Ou seja, a conjuntura aponta para cotações mais firmes no próximo ano. Há riscos no radar, mas por enquanto, a ideia de preços para 2019 flutua em torno de R$ 150,50/@.