A Minerva Foods deve receber ao menos R$ 40 milhões da Marfrig Global Foods pela venda do abatedouro de bovinos que possui na cidade de Várzea Grande (MT), afirmaram duas fontes ao Valor. Procurada pela reportagem, a Marfrig confirmou a informação. A Minerva não comentou.

Na quinta-feira, as companhias anunciaram um acordo para trocar o frigorífico de Várzea Grande, na região de Cuiabá, pelo abatedouro da Marfrig em Paranatinga, no norte de Mato Grosso. No comunicado de ambas as empresas, não houve menção explícita ao montante a ser pago pela Marfrig.
À Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Minerva Foods informou que receberá os “ativos que integram a Planta Paranatinga e outros ativos compensatórios”. A Marfrig utilizou texto semelhante no comunicado de 24 de janeiro.
Na prática, o pagamento adicional da Marfrig à Minerva se deve à diferença de capacidade entre os dois frigoríficos. Enquanto em Várzea Grande a Minerva é capaz de abater 1,7 mil cabeças, em Paranatinga é possível abater 1,1 mil bovinos diariamente, segundo uma das fontes.

Do ponto de vista operacional, a troca de ativos é positiva para a Marfrig. Em dezembro, a empresa anunciou a compra, por R$ 100 milhões, da fábrica de hambúrguer da BRF localizada no mesmo complexo industrial onde está o abatedouro da Minerva. Ao comprar o frigorífico, portanto, a Marfrig terá uma operação mais eficiente, produzindo hambúrguer com a carne oriunda do frigorífico de Várzea Grande.

A transação entre Marfrig e Minerva ainda depende de autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As duas empresas estão entre as três maiores indústrias de carne bovina do país. A expectativa é que o órgão antitruste aprove a transação em até 30 dias.

Considerando o acordo de troca de ativos com a Minerva e a fábrica de hambúrguer da BRF – transação que foi concluída na semana passada -, a Marfrig desembolsará mais de R$ 140 milhões para assumir o complexo industrial de Várzea Grande.

Paralelamente ao negócio no Brasil, a Marfrig também adquiriu, no fim do ano passado, o controle da argentina Quickfood, que pertencia à BRF, por US$ 54,9 milhões (cerca de R$ 200 milhões). Com isso, deve gastar cerca de R$ 350 milhões nessas aquisições.

Os compras na Argentina e em Mato Grosso reforçam a aposta da Marfrig em carnes processadas. A Quickfood é dona da marca Paty, líder no mercado argentino de hambúrguer. Na fábrica mato-grossense de Várzea Grande, a Marfrig produzirá hambúrguer e almôndega para a BRF, que continuará vendendo os itens com as marcas Sadia e Perdigão. Adicionalmente, a empresa poderá fornecer hambúrguer para grandes restaurantes.

Em dezembro, quando anunciou a compra dos ativos da BRF, a Marfrig informou que se tornara a maior produtora de hambúrgueres do mundo. Antes de Argentina e Brasil, a Marfrig já produzia hambúrguer para o McDonald’s no Estado de Ohio, nos Estados Unidos.

 

Por Luiz Henrique Mendes (Valor Econômico)