Uma possível seca decorrente do La Niña nos próximos seis meses na Argentina ameaça as duas principais safras comerciais do país, de milho e soja, ao mesmo tempo em que complica a navegação de navios graneleiros pelo rio Paraná, afirmaram analistas.
Os meteorologistas dizem que o fenômeno climático La Niña deve ressurgir depois de uma aparição irregular na última temporada, indicando uma seca adicional a uma parte da América do Sul que já enfrenta o problema há meses, ameaçando as safras e reduzindo o nível d’água na principal hidrovia de grãos da Argentina.
“No contexto do reaparecimento do La Niña, a falta de chuva não será corrigida por si só”, disse German Heinzenknecht, meteorologista da consultoria argentina Applied Climatology.
“Na melhor das hipóteses, pode ficar dentro da normalidade em algumas áreas. Mas um retorno às chuvas normais não vai corrigir o fluxo do rio, o que terá um efeito gravíssimo na logística de transporte, na geração de energia hidrelétrica e no fornecimento de água potável”, afirmou ele.
A Argentina, uma potência agrícola sul-americana, é a terceira maior fornecedora de milho do mundo, além de maior exportadora global de farelo de soja. Neste mês, o baixo nível do rio Paraná fez com que a capacidade de carga fosse reduzida entre 18% e 25% por navio, segundo autoridades locais.
Com a safra 2021/22 programada para começar entre setembro e outubro, com o plantio de milho e soja, a bolsa de grãos de Rosario afirmou que o La Niña poderá reduzir as chuvas entre 20% e 30% durante a temporada.
A última vez que o fenômeno atingiu a Argentina fortemente foi em 2017/18. As safras de milho e soja foram reduzidas a meros 34 milhões e 35,5 milhões de toneladas, respectivamente, de acordo com a bolsa.
No recém-concluído ano-safra de 2020/21, os agricultores argentinos colheram 48 milhões de toneladas de milho e 43,5 milhões de toneladas de soja, conforme estimativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
Em 2019/20, com um clima mais normal, a bolsa disse que os produtores argentinos colheram 51,5 milhões de toneladas de milho e 49 milhões de toneladas de soja.
(Reuters/IstoÉ)