O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), anunciou que o Instituto Butantã começará testes para uma vacina contra o novo coronavírus. Em coletiva de imprensa realizada há pouco, Doria afirmou que a vacina será testada em 9 mil brasileiros a partir de julho e que poderá estar disponível no primeiro semestre de 2021 já para a distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS).
A vacina, batizada de Coronavac, será desenvolvida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O acordo para testagem da vacina foi firmado ontem e o Butantã possui acordo de cooperação e compartilhamento de tecnologia com a empresa desde agosto de 2019. As duas primeiras fases de testes foram realizadas na China com pouco mais de 1 mil pessoas e, agora o Brasil participa da terceira etapa. O investimento da pesquisa será de R$ 85 milhões a partir do caixa do Instituto Butantã, mantido pelo governo de São Paulo.
Doria ressalta que, das 136 vacinas em desenvolvimento em todo o mundo, apenas dez atingiram a fase final de testes em humanos. O governador também afirmou que é preciso “superar desavenças do Brasil com a China e com organismos como a Organização Mundial da Saúde” (OMS). “A politização do vírus não salvou nenhuma vida no Brasil nem fora dele. É a ciência que vai salvar vidas”, afirmou. Doria afirmou que tem “relação boa e fluída” com o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e afirmou que o militar “tem sido correto e republicano”.
O diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, afirmou que a vacina “poderá ser importada da China em um primeiro momento” e destacou o protagonismo do instituto no desenvolvimento mundial de vacinas em parceria com outras companhias. Covas afirma que a vacina é desenvolvida por meio de fragmentos do vírus, mesmo mecanismo utilizado no combate à gripe e que o Butantã “domina” sua tecnologia.
“Estou confiante que ao final destes trabalhos teremos as certificações de eficácia e segurança da vacina”, afirmou. “Uma vez a vacina sendo eficaz e segura, será registrada na Anvisa e distribuída”. Segundo ele, a Sinovac apresentou para o Brasil as melhores condições de pesquisa entre as companhias disponíveis no mercado.
O diretor do instituto também elogiou a produção acadêmica de entidades do Estado como a Universidade de São Paulo, e afirmou que há produções “muito relevantes em andamento” para o coronavírus.
Sérgio Cimerman, médico do Instituto Emílio Ribas e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirmou que a população deve manter medidas de prevenção como o distanciamento e o uso de máscaras, e que não há “drogas terapêuticas” para tratar a doença até o momento.
De acordo com Cimerman, a seleção dos 9 mil voluntários será feita a partir de critérios preestabelecidos e exclui, por exemplo, pacientes que tiveram contato com o novo coronavírus atestado por testes como o PCR e o teste de sorologia, que identifica anticorpos contra a doença. (AE)