Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto.

A Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB emitiu nessa semana o 12º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos, com informações pertinentes do encerramento da segunda safra brasileira de milho.

Destaca-se que a produção total de grãos no Brasil para a safra 2016/17 foi de 238,8 milhões de toneladas, auxiliada por condições climáticas ideais, superou em 28% a quantidade total colhida na safra anterior. Já a área plantada sofreu variação positiva de apenas 9,22%, ocupando nessa safra área igual a 60,9 milhões de hectares. As informações de área, produção e produtividade, assim como as variações em porcentagem entre as safras, podem ser melhores visualizadas por meio da tabela 1 a seguir.

O relatório da CONAB também ressalta a importância da soja e do milho na conjuntura de produção nacional de grãos. Somados, soja e milho representam 88,65% da produção de grãos, cultivados em 85% da área total. Para tanto, destaca-se que fatores que motivam o produtor a optar pelo cultivo dessas culturas são:

  • Calendário de semeadura similar a outras culturas (primeira safra: algodão, feijão e arroz de sequeiro);
  • Disponibilidade de sementes com alto desempenho;
  • Pacotes tecnológicos acessíveis;
  • Áreas de pastagens reconvertidas em cultivo de grãos.

MILHO

Com a quebra da safra de milho em 2015/16, os valores de preços praticados no mercado doméstico subiram, estimulando assim o aumento da área cultivada para o cereal na safra atual. Além do estímulo ao produtor, os setores demandantes de milho também se atentaram a obtenção de matéria prima logo na primeira safra de milho de 2016/17, visto a carência do cereal com preços altos da safra anterior. Dessa forma, aliada as boas condições climáticas, o Brasil obteve a melhor produtividade média registrada para o milho de primeira safra: 92,6 sacas/hectare.

Já o milho de segunda safra, também alcançou valores otimistas, o segundo melhor rendimento da série histórica: 92,2 sacas/hectare. O gráfico 1, ilustra a proporção das quantidades produzidas de milho entre a primeira e segunda safra.

 

Os volumes recordes obtidos dessa safra de milho pressionaram negativamente as cotações tanto internacionais quanto os valores domésticos. Gerando desestimulo a comercialização por parte do produtor, enquanto a necessidade de originar matéria prima pelas indústrias, forçou melhores remunerações. Ou seja, melhores preços foram consequência da baixa liquidez do mercado em momentos pontuais.

Além da baixa liquidez, as exportações também oferecem certo suporte aos preços, com expectativa de embarques de 29 milhões de toneladas para o cereal. Porém, as baixas cotações no mercado internacional, próximo de US$ 3,44/bushel e câmbio abaixo de R$ 3,20, resultam em preços nos portos abaixo de R$ 28,00/saca de 60 kg. Por fim, ressalta-se ainda a pressão externa pela concorrência com o produto argentino e norte-americano que deve ocorrer em proporções maiores de agora em diante.

Ou seja, mesmo com a ampliação das exportações, o alto volume de milho produzido que impactou em aumento dos estoques, passando de 8 milhões de toneladas em 2015/16 para previsão de 21,59 milhões de toneladas em 2016/17, tornaram os preços oferecidos em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná abaixo do preço mínimo. Outras localidades, apesar de acima do custo operacional não oferecem muita margem de lucro ao produtor.

 

SOJA

O valor de produção recorde para a soja também impactou negativamente os preços praticados. A CONAB revela que produção se elevou em 19,4% enquanto os preços tiveram queda na média brasileira de 22,7%. Redução registrada em todos os 16 estados produtores.

A queda das cotações brasileiras acompanhou a redução dos valores internacionais, depreciados pela forte oferta dos principais países produtores. Nesse sentido, a alta produção nacional fez com que os estoques domésticos subissem de 1,48 para 4,57 milhões de toneladas, ainda que a proporção esteja alta, a quantidade está dentro de uma faixa considerada normal. Dessa forma, a perspectiva para os preços da soja deve continuar em patamares ainda baixos, mas depende no curto prazo da colheita norte-americana e do progresso do início da safra brasileira.

A respeito da nova safra brasileira, espera-se que haja atraso para o seu início visto a falta de chuvas para o mês de setembro. Observa-se pela figura 1 a presença de precipitação abaixo do normal na maior parte do Mato Grosso e Bahia. Condições melhores para, São Paulo, Mato Grosso do Sul e para os estados da região sul do país. Por fim, espera-se condições de chuva mais adequadas para a maior extensão do território brasileiro apenas a partir de outubro.