O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, variou 0,32% em fevereiro, o resultado mais baixo para o mês desde o ano 2000, quando ficou em 0,13%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, o índice subiu 0,29%.

Nos dois primeiros meses do ano, o IPCA acumula o menor percentual desde o começo do Plano Real, em 1994, com variação de 0,61%. Em 2017, o acumulado no 1º bimestre havia sido 0,71%, segundo o IBGE.

O acumulado dos últimos 12 meses ficou em 2,84%, a menor variação para o período desde 1999, quando a inflação ficou em 2,24%, segundo o IBGE.

O analista da Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, Fernando Gonçalves, apontou que desde julho do ano passado o índice acumulado em 12 meses está abaixo de 3%. Nunca na série histórica houve um índice tão baixo em sequência tão longa.

“Em janeiro de 2007 [o índice acumulado em 12 meses] ficou em 2,99%, mas no mês seguinte ele já ficou em 3,02%. Em nenhum outro período ele se manteve abaixo dos 3% como observamos desde o meio do ano passado”.

Educação sobe, alimentos caem

O grupo que mais subiu em fevereiro foi educação, com alta de 3,89%. Pelo peso de 59% no índice, esta categoria teve forte influência no IPCA, mas foi a variação mais baixa para o mês desde 2008, quando ficou em 3,47%.

Segundo o IBGE, a alta na educação reflete os reajustes praticados no início do ano, em especial os aumentos nas mensalidades dos cursos. Nesta categoria, os preços subiram 5,23%, o maior impacto sobre o índice no mês.

O grupo dos transportes subiu 0,74%, com destaques para a alta nos preços do ônibus urbano (1,90%) e a gasolina (0,85%).

Já alimentação e bebidas caiu 0,33%, ajudando a segurar a alta da inflação. Foi a segunda queda seguida para o mês. Em 2017, a queda deste grupo foi ainda mais intensa, de 0,45%.

Questionado sobre o motivo para uma inflação neste patamar baixo, Gonçalves citou o efeito dos produtos alimentícios. “O que fica mais evidente de perceber é a deflação sobre os preços dos alimentos no ano passado. Em 2017, ela ocorreu em 8 dos 12 meses”, explicou.

“A maioria dos produtos que a gente apura para alimentação em domicílio teve deflação esse mês”, afirmou Gonçalves. O maior impacto foi da carne, cujo preço recuou em 1,09%. Já a maior queda dos alimentos foi do alho, que teve deflação de 4,79%

Desde o início do Plano Real, o grupo de alimentação e bebidas só havia caído no mês de fevereiro em três anos: 1995 (-0,06%), 2000 (-0,25%) e 2006 (-0,28%).

Veja a variação completa dos grupos em fevereiro:
Alimentos e bebidas: -0,33%

Habitação: 0,22%

Artidos de residência: 0,03%

Vestuário: 0,06%

Transportes: 0,20%

Saúde e cuidados pessoais: 0,05%

Despesas pessoais: 0,03%

Educação: 0,01%

Comunicação: 0,00%

INPC fica em 0,18%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) variou 0,18% em fevereiro, 0,05 pontos percentuais abaixo da taxa de 0,23% de janeiro. Este foi o INPC mais baixo para os meses de fevereiro desde 2000, quando se situou em 0,05%.

O acumulado dos últimos doze meses caiu para 1,81%, abaixo dos 1,87% nos 12 meses imediatamente anteriores. Foi também o menor para o período desde a implantação do Plano Real.