Um levantamento sobre riscos da indústria da carne foi apresentado hoje (3/6), organizado pela Fairr Initative, fundação inglesa mantida pela Jeremy Coller Foundation, que reúne investidores colaborativos na promoção de estudos e análises sobre o setor da proteína animal em todo o mundo.
O lançamento do  relatório Fairr, intitulado “Um setor Infectado”, sobre os riscos pandêmicos na indústria de carne utiliza dados públicos e originados de questionários às empresas. Os dados  revelam que a maioria das gigantes do setor tem pouca preparação para prevenir e se defender de possíveis contaminações.  Entre as empresas brasileiras que responderam a pesquisa estão JBS, Marfrig, Minerva e BRF.
A maior parte (73%) dos gigantes das carnes apresenta alto risco pandêmico, grupo de empresas que têm em suas gestões valores da ordem de US$ 20 trilhões.  As 44 companhias classificadas como de “alto risco” pandêmico somam mais de US$ 200 bilhões, mas seu valor é ameaçado por situações como o caos econômico que a Covid-19 causou e ainda pode causar na indústria pecuária. Nos EUA, por exemplo, o valor de gigantes da carne despencou 25%, com Goldman Sachs listando o gado ao lado do petróleo como os piores ativos para os investidores no ano que vem.
No final de maio, os preços das ações dos quatro maiores processadores de carne dos EUA caíram 25%, contra 9% do mercado. Uma previsão indicava perdas financeiras superiores a US$ 13 bilhões para o setor no país. O fechamento de plantas levou a Tyson Foods a publicar um anúncio, no “Washington Post”, afirmando que a “cadeia de negócios do setor está trincando”.
No relatório, as brasileiras JBS e Minerva estão classificadas em “alto risco”. Marfrig e BRF têm avaliação mais positiva, em “risco médio”. Das 60 empresas do setor, avaliadas em todo o mundo, nenhuma está no grupo de “baixo risco”.
“A Covid pode ser a gota que faltava para o copo do setor transbordar”, diz Jeremy Coller, fundador da Fairr e CEO da Coller Capital. “Para não causar a próxima pandemia, a indústria deve adotar padrões de segurança para alimentos, trabalhadores, animais confinados e uso de antibióticos. Isso impactará numa cadeia de fornecimento que já está se exaurindo devido a restrições de terra, água e emissões.”
Na avaliação, a pesquisa levou em conta pontos críticos na prevenção de pandemias zoonóticas. Entre eles estão segurança de trabalhadores e alimentar, desmatamento e gestão da biodiversidade, bem-estar animal e uso de antibióticos. De acordo com a Fairr, três de cada quatro novas doenças no mundo todo estão relacionados a contágios zoonóticos. O estudo conclui que a produção intensiva de animais apresenta alto risco de criar e espalhar uma nova pandemia e alerta que as empresas serão pressionadas a adotar rígidos protocolos biossegurança. (Ascom/DBO)