A demanda da China por grãos deve continuar dando suporte aos mercados no próximo ano. De acordo com análise do banco holandês ING, três fatores estão por trás disso: necessidade de segurança alimentar em meio à pandemia, recuperação do plantel de suínos chinês e o acordo comercial preliminar assinado entre o governo comunista e os Estados Unidos, em janeiro deste ano.
“Um maior apoio às compras agrícolas vem do fato de que o rebanho suíno na China está começando a se recuperar, após o surto de peste suína africana em 2018 e 2019”, comenta o banco holandês. “O governo priorizou o aumento da produção de suínos no país, após o surto, e a demanda por ração animal tem crescido, dando suporte às cotações de milho e soja”.
Além disso, o acordo comercial EUA-China continua sustentando fortes compras chinesas de alimentos, embora os dados do comércio indiquem que a meta ainda será difícil de ser atingida este ano. O ING cita dados do Peterson Institute for International Economics que mostram que, até outubro, a China havia atingido apenas pouco mais de 52% de sua meta anual de US$ 36,6 bilhões em importações dos EUA. A primeira fase do acordo comercial é de dois anos, e o valor das exportações no segundo ano está previsto em US$ 43,6 bilhões, portanto as compras chinesas podem muito bem continuar a apoiar vários mercados agrícolas, avalia o ING. Mas “se as importações ficarem aquém da meta neste ano, existe a possibilidade de que isso precise ser compensado no próximo ano”.
“Se olharmos para as exportações dos EUA para a China, os compromissos totais até agora no atual ano de comercialização (começando em setembro) totalizam um pouco mais de 11 milhões de toneladas, acima do registrado no mesmo estágio do ano passado, e a maior venda de milho que vimos para a China nesta época do ano, remontando à temporada 2012/13”, destaca.
“Embora algumas dessas vendas possam ser canceladas nos próximos meses, quase 2,9 milhões de toneladas de milho já foram exportadas para a China desde setembro, e isso já excede a quantidade total exportada na campanha de 2013/14”, afirma. Segundo o ING, essas vendas já ultrapassaram a cota anual total de importação da China, de cerca de 7 milhões de toneladas. “Portanto, precisaremos ver o governo emitir novas cotas de permissão. Já houve relatos de que o governo aumentou essa cota em 5 milhões de toneladas”.
Também há um ponto importante em relação à China, que quer garantir a segurança alimentar em meio à pandemia, dadas as possíveis interrupções nas cadeias de abastecimento globais, diz o banco holandês. Outro fator levantado pela instituição refere-se à metas ambientais de redução de carbono da China, que provavelmente serão implementadas em um estágio posterior, “o que deve apoiar a demanda de milho, por exemplo”. (AE)