A colheita de milho na Argentina alcançou 3,4% da área plantada, um avanço de 1,5 ponto porcentual ante a semana anterior, informou ontem a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório semanal. Segundo o boletim, a escassez de chuvas na última semana em grande parte da área agrícola resultou em piora da qualidade da safra e reduziu o potencial de rendimento em parte das lavouras. Diante desse cenário, a Bolsa reduziu em 1 milhão de toneladas sua estimativa de produção, para 45 milhões de toneladas. A nova projeção representa queda de 6,5 milhões de toneladas ante a safra 2019/20.
De acordo com a Bolsa, a parcela da safra em condição boa ou excelente diminuiu de 25% para 17%. A parcela em condição regular ou ruim aumentou de 16% para 28%.
Quanto à soja, a Bolsa reduziu em 2 milhões de toneladas sua estimativa de produção, para 44 milhões de toneladas. Segundo o relatório, o saldo negativo das precipitações em fevereiro, junto com as altas temperaturas durante o período de enchimento de grãos nas lavouras implantadas mais cedo, causou perdas irreversíveis no rendimento esperado nas principais zonas de cultivo.
A parcela da safra em condição boa ou excelente diminuiu de 10% para 6% na semana, disse a Bolsa. Já a parcela em condição regular ou ruim aumentou de 20% para 31%.
A Bolsa de Cereais de Rosario já havia reduzido a previsão de produção de soja na Argentina em 2020/21 de 49 milhões para 45 milhões de toneladas. “A possibilidade de obtenção de 49 milhões de toneladas de soja, estimada em fevereiro, ficou para trás. O ciclo da soja voltou a sofrer um revés nas condições climáticas e a partir de fevereiro passou por condições extremamente secas. Com solos que ficaram sem reservas para a soja de segunda safra, esta foi a lavoura mais afetada.”
Conforme a bolsa, em fevereiro e nos primeiros dez dias de março grande parte da região central, especialmente a parte leste, não teve chuvas expressivas. “As perdas de produção e de área semeada são muito graves. Ainda não é possível estimar o piso de produção com que terminará esta safra de soja se a falta de água se estender.”
Conforme a bolsa, 850 mil hectares serão perdidos devido à falta de umidade, a maioria de soja de segunda safra. Após o crescimento da área de trigo, a soja de segunda safra ocupa quase 5,3 milhões de hectares neste ano (31% da área total de soja no país), segundo a bolsa. “Por esse motivo, a queda na produtividade é sentida nas médias, principalmente no lado leste da Argentina.” Conforme o relatório, houve queda no rendimento previsto em Santa Fe, Buenos Aires, Entre Rios e La Pampa.
Quanto ao milho, a Bolsa de Rosario manteve a previsão de produção em 48,5 milhões de toneladas. “O trabalho de colheita ainda é muito incipiente neste ano e alcança 4% em nível nacional, quando há um ano chegava a 7%”, disse a bolsa. “Os números de rendimento das lavouras plantadas mais tarde permanecem em suspenso à espera de novas chuvas e podem afetar negativamente os números de produtividade provinciais no leste da Argentina. O milho tardio passa por estágios críticos, mas no oeste da região pampeana, onde tem maior participação, apresenta melhores condições ambientais.” (AE)