Depois de uma semana para lá de tumultuada no Congresso, o governo federal tenta medir os riscos e traçar as estratégias para avançar com a reforma da Previdência nesta semana. Sem a definição do relator e sob ameaça feita pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de deixar o barco o cenário ficou ainda mais complicado.

Na última sexta-feira, após anunciar a interlocutores que, por ora, irá se afastar da articulação da Nova Previdência, o presidente da Câmara permaneceu em Brasília, e usou as redes sociais para dizer que ele é um defensor da pauta econômica. O deputado também decidiu permanecer na capital federal no final de semana, mas não deixou claro se algum tipo de encontro ou articulação seria feita no período.

Maia se mostrou irritado na última semana com os ataques que tem recebido nas redes sociais, com a falta de articulação do governo, além dos recentes embates com o ministro da Justiça, Sergio Moro. Depois de uma semana de conflitos, Maia ameaçou se afastar da articulação pela reforma da Previdência, pelo menos por ora.

O sentimento do presidente da Câmara, neste momento, é de indignação, segundo um aliado. Os ataques nas redes tentam classificar Maia como um autor da “velha política”, que busca aprovar medidas em troca de favores e cargos. “Desafio o governo a mostrar um cargo que for que Maia tenha pedido.”

Os políticos mais próximos têm aconselhado que Maia se afaste totalmente da articulação. A perspectiva entre os líderes partidários do Centrão é que não há outro nome que possa substituir Maia rapidamente no Congresso, o que pode prejudicar significativamente o andamento do texto.

Quem fez essa avaliação foi o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), que defendeu a permanência de Maia na articulação. “Ele é uma pessoa indispensável.”

Presidente interfere

Na sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro, que passou a semana em agenda internacional disse que quer conversar com Maia para trazê-lo de volta à articulação da reforma. “Eu quero saber o motivo que ele está saindo. […] Estou sempre aberto ao diálogo. Eu estou fora do Brasil, mas quero saber qual o motivo, mais nada. Eu não dei motivo para ele sair”, disse na sexta-feira no Chile.

As animosidades entre Congresso e governo começaram na última quarta-feira, quando a base de Bolsonaro se mostrou insatisfeita com o texto de reforma previdenciária dos militares. De acordo com lideranças do PSL, o texto enviado não foi o combinado, e as medidas de reestruturação da carreira militar – apensada junto ao texto de reforma da Previdência da categoria – deixa claro que o presidente não estava tratando todos iguais no que diz respeito à necessidade de se fazer sacrifícios em prol da saúde financeira do País.