Duas questões ganham cada vez mais importância entre os desafios do agronegócio. A primeira, dita inclusive por lideranças do setor, é a necessidade de uma comunicação mais eficaz com a população urbana para valorizar sua imagem. A outra é a urgência de ampliar a conexão com a Faria Lima, avenida da capital paulista que é sinônimo de finanças. A entrada dos Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, conhecidos como Fiagro, na B3, a bolsa de valores brasileira, em agosto do ano passado, trouxe ganhos para as duas situações.
Pela dinâmica semelhante à dos fundos imobiliários e por contar com isenção de Imposto de Renda (IR) para as pessoas físicas, o Fiagro logo chamou a atenção de investidores urbanos. A procura é bem mais focada no potencial de retorno do que em qualquer afinidade com lavouras e rebanhos, mas quem aposta nessa opção precisa entender que boa parte da segurança desses fundos vem do potencial do agronegócio, que em 2020 representou 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Quanto ao potencial de captação dos investimentos, que podem estimular o desenvolvimento em diferentes áreas do agronegócio, o balanço das gestoras prova que as perspectivas podem ir além do que se imagina. É o caso da Kijani, totalmente voltada ao agronegócio, que conseguiu captar R$ 240 milhões com o Fiagro Asatala, seu primeiro fundo nessa categoria, distribuído pela XP Investimentos. Este registro superou a oferta de R$ 200 milhões listada na B3, e os próximos resultados podem surpreender também em relação à perspectiva para o primeiro ano de atuação, que era chegar a pelo menos R$ 300 milhões.
Em dezembro do ano passado, a gestora Kardinal captou R$ 58 milhões com a oferta do primeiro Fiagro FIDC (de direitos creditórios). A Kardinal contou com a parceria da Vórtx, fintech especializada em facilitar operações no mercado de capitais, e com a Nagro, outra startup do setor financeiro que atuou como originadora de créditos de forma 100% digital.
A perspectiva é de que a procura pelo Fiagro continue crescendo e esse fundo ganhe mais destaque como opção de investimento durante 2022. Para o advogado tributarista e sócio do escritório FCAM Advogados, pode aparecer um boom no segmento imobiliário. “Por conta de o preço das terras ter subido bastante, deve surgir muita gente querendo investir nelas como ativo financeiro”, afirmou. Não é por acaso que gigantes do setor financeiro também apostam nessa ideia. A Itaú Asset acaba de abrir sua primeira emissão do Rura11, seu Fiagro imobiliário.
(IstoÉ)