Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

Ontem (23/08), a China confirmou o 4º surto de febre suína africana, atingindo três propriedades há mais de 1.500 Km de distância dos primeiros casos registrados no país.

A expansão da doença surpreendeu o mercado, e alimenta uma perspectiva de que não deverá ser contida no curto prazo, e certamente, os produtores deverão enviar mais rapidamente seus animais para o abate, afim de evitar que a doença alcance suas propriedades.

Deste modo, a concentração de oferta deverá pressionar para baixo as cotações na China.

Já no médio prazo, os sacrifícios dos animais com perdas significativas de produção devem elevar os preços internacionalmente.

Nesse sentido, vale reforçar que a China possui o maior rebanho suíno do mundo, com 433 milhões de cabeças, sendo 188% superior a Europa que ocupa a 2º posição. E assim, os abates causados pela febre suína ainda representam pouco frente ao rebanho total.

Mas o destaque é que a febre suína africana na China deve ampliar suas importações de carne suína, com potencial benefício a indústria brasileira. Já que o país asiático é o principal consumidor deste segmento no mundo, produzindo quase metade da produção global com 55 milhões de toneladas dessa proteína a cada ano.

Além de compensar em alguma medida a saída da Rússia (o principal mercado importador do Brasil desta matéria-prima), o episódio gera expectativa de aquecimento do consumo de milho pelas indústrias nacionais.

Este cenário deve se confirmar nas próximas semanas, adicionando mais um fator altista para as cotações já elevadas do milho.