Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto
Caroline Matos é graduanda em zootecnia pela USP e estagiária pela Agrifatto
Resumo da semana:
O mercado pecuário começou setembro fortalecido, cenário esperado com a relação regulada entre a oferta e a demanda, disputa pela matéria-prima entre frigoríficos menores, e aquecimento do consumo no início do mês.
O comportamento das programações variou entre os estados, com Minas Gerais mostrando encurtamento mais rápido no início deste mês, caindo de 7 para 5 dias úteis. Já o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não exibiram fortes variações na média das suas escalas.
Aliás, as praças do Mato Grosso do Sul e nos estados ao norte do país, registram baixa disponibilidade de animais prontos, e suas programações ficam entre 3 e 5 dias úteis.
Outro indicador positivo para o mercado pecuário ficou para a carcaça casada no atacado, acumulando valorizações semanais desde o final de julho, com alta acumulada de 3,30% no período.
Por fim, a inspeção de novos frigoríficos pela China renova o otimismo, mas o mercado ainda aguarda que as habilitações sejam confirmadas para reflexo mais expressivo sobre os preços.
- Na tela da B3
Sem forças para buscar por novas máximas, o predomínio da última semana ficou para lateralidade das cotações, e movimentações técnicas.
O contrato para outubro, com maior volume de negócios, ilustra bem a movimentação descrita acima.
Além disso, destaca-se ainda a notícia de inspeção de quatro frigoríficos brasileiros pela China, renovando o otimismo em relação a habilitação de novas plantas. A notícia da última quarta-feira (04/set), ampliou o volume de contratos negociados em bolsa, indicando que o mercado se movimentou após o anúncio.
Entretanto, mesmo a expectativa pelas inspeções levando a ampliação dos volumes de contratos, a variação para os preços não aconteceu na mesma intensidade, com as valorizações das cotações sendo mais tímidas.
Ou seja, o mercado reagiu à notícia, mas aguarda por confirmações para se posicionar de forma mais agressiva.
Enquanto isso, espera-se que as cotações em bolsa continuem em linha com o mercado físico, firmes, mas com avanços graduais.
- Enquanto isso, no atacado…
Neste início de setembro, a carcaça casada bovina continuou avançando, movimento que acontece desde a segunda quinzena de agosto.
O boi casado avançou 0,48% na última semana, fechando com média no atacado paulista em R$ 10,48/kg.
Enquanto isso, o frango resfriado avançou 1,13% na primeira semana de setembro, fechando em R$ 4,02/kg. Na comparação mensal, a desvalorização acumulada ficou em 6,74%.
E a carcaça especial suína também mostrou recuperação nos últimos 7 dias, a alta de 0,87% subiu a sua média para R$ 6,36/kg, o maior valor em 15 dias. No mês, a desvalorização acumulada fica em 7,76%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina vendida no atacado e a arroba do boi gordo), iniciou o mês positivo, fechando a primeira semana de setembro em 0,29%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos 5 (cinco) primeiros dias úteis de setembro/19 contabilizaram um volume total de 35,92 mil toneladas e uma receita de US$ 153,53 milhões.
A média diária registrada ficou em 7,18 mil toneladas, alta de 25% em relação à média do mês anterior, e recuo de 9,38% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio por tonelada registrou-se em US$ 4.273,86, alta de 2,28% em relação a agosto/19, e valorização de 8,06% quando comparado com o valor médio de setembro/18.
Se o ritmo diário se repetir, serão exportadas 150,88 mil toneladas de carne bovina in natura neste mês. Se confirmado, o volume representa crescimento de 19,34% frente a quantidade embarcada em agosto/19, e alta de 0,16% na comparação com o mesmo mês em 2018.
Já as exportações com milho continuam aquecidas, com o país enviando 2,04 milhões de toneladas na primeira semana de setembro. O desempenho diário de 409,4 mil toneladas representa avanço de 17,81% em relação ao mês anterior, além de alta de 131% frente ao mesmo período em 2018.
- O destaque
Nessa manhã (09/set), de acordo com um comunicado feito pela GACC (órgão de sanidade da China), 25 novas plantas brasileiras foram habilitadas a exportar para China.
Os frigoríficos habilitados somam: 17 de carne bovina, 6 de frango, 1 de suínos e 1 de asininos. Dentre os novos estabelecimentos, há plantas localizadas em São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Pará, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia e Rio Grande do Sul.
Além disso, fomos informados que leva em torno de 2 semanas para começar a produzir carne para a China e que, na sequência, mais 1-2 semanas para embarques.
O motivo é que a documentação específica do SIF exige etiquetas, caixas, etc. dentro dos padrões, então deveria ser quase tudo produção nova e quase nada que já tenha sido produzido e que esteja hoje em estoque.
Por isso, o efeito sobre a demanda de animais, e consequentemente sobre os preços, deve ser sentido a partir de outubro, quando os frigos começarão a demandar mais animais para a etapa de produção
- E o que está no radar?
Nesta semana, as atenções do mercado voltam-se para o novo relatório de oferta e demanda a ser divulgado pelo USDA na próxima quinta-feira (12).
Após o susto que o mercado levou com o relatório de agosto, fica a expectativa se o Departamento trará fortes mudanças no próximo relatório.
Entretanto, deve-se levar em conta que as condições das lavouras norte-americanas mostraram leve melhora nas últimas semanas, o que pode diminuir a possibilidade de revisões agressivas dos próximos números.