Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

A última semana foi marcada por correções dos preços. Os contratos futuros caíram em movimentação técnica, com players realizando os lucros após as expressivas altas que aconteceram em maio – em resposta aos problemas climáticos na safra norte-americana.

No físico, as indicações também caíram, na esteira de um dólar mais fraco em relação ao real, afastando a ponta vendedora de novas negociações e enxugando a liquidez do mercado físico.

E com a ponta vendedora afastada, enquanto há certa necessidade de compras das indústrias domésticas, os recuos no mercado spot ficaram ainda limitados.

A colheita da safrinha começa a ganhar tração, mas espera-se que a oferta de milho se amplie a partir de meados deste mês, o que deve pressionar negativamente as indicações de balcão.

As condições para o plantio norte-americano podem ficar mais favoráveis nas próximas semanas, mantendo indefinida a produção de soja nos EUA em 2019/20. Consequentemente, as variações de preços devem continuar expressivas no curto prazo.

 

  1. Mercado futuro na tela

A última semana foi marcada por correções técnicas, com players realizando lucros após as altas das commodities a partir de maio.

O contrato mais curto da soja m Chicago, para julho/19, caiu 2,6% ao longo da última semana. A queda corrigiu parte da elevação de 10% ocorrida em meados de maio, fechando um gap que tinha sido aberto com as valorizações da soja.

Nesta semana, os dados atualizados do acompanhamento de plantio e o relatório de oferta e demanda do USDA devem manter a volatilidade em alta na Bolsa de Chicago (CBOT).

O milho futuro também passou por ajustes técnicos importantes. O contrato para jul/19 na B3 caiu 3,8% ao longo da última semana, passando de R$ 38,14 para R$ 36,68/sc.

O vencimento setembro/19 caiu com intensidade ainda maior, a queda de 5,6% passou o insumo de R$ 38,95 para R$ 36,76/sc. Aliás, no fechamento da última terça-feira (04/jun), os dois contratos chegaram a fechar no mesmo valor, em R$ 37,51/sc.

Por fim, os futuros fecharam os últimos pregões com certa estabilidade, aguardando por novos fatores que direcionem as cotações. Neste sentido, as exportações neste mês e as condições da safra norte-americana devem dar o tom das próximas movimentações.

 

  1. Enquanto isso, no físico…

A comercialização no mercado físico esfriou na última semana, com produtores afastando-se de novas negociações após variações negativas.

As quedas aconteceram na esteira de um câmbio mais fraco, mas também por correções técnicas em Chicago. Para o milho, adiciona-se ainda a pressão da colheita entrando na precificação.

A referência do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) do milho caiu 3,55% ao longo da última semana, passando de R$ 38,56 para R$ 37,19/sc.

Em Primavera do Leste/MT, a comercialização no spot girou ao redor de R$ 24,50/sc e para entrega em setembro e pagamento no mês seguinte, as indicações orbitavam R$ 23,50/sc.

A comercialização já envolve o milho colhido nesta safrinha, e vale destacar que além da demanda doméstica neste momento, a resistência do produtor em aceitar propostas menores impediu que os recuos fossem ainda mais expressivos.

No Mato Grosso do Sul, o balcão gira em torno de R$ 29,50/sc, e para entrega em julho e agosto as propostas variam ao redor de 26,50/sc – queda das indicações de R$ 1,00/sc pela pressão do câmbio.

Além disso, boa parte dos contratos foram negociados para entrega em julho e agosto, portanto, o produtor deve se concentrar na entrega destes volumes acordados previamente, e se houver avanços mais expressivos para as indicações da soja, a oleaginosa também deverá ser preterida na comercialização.

Para a soja, o indicador da soja no Paraná caiu 1,91% no mesmo período, passando de R$ 77,13 para R$ 75,65/sc.

Em Primavera do Leste/MT as referências também passaram por ajustes ao longo da semana, e se as negociações ficavam em R$ 70,00/sc, caíram para R$ 68,00/sc no final da última semana.

Em Paranaguá, queda de 1,92% na comparação semanal, e as indicações que ficavam ao redor de R$ 83,00, agora orbitam R$ 81,80/sc.

Os prêmios nos portos continuam voláteis, com a participação da China como principal condutor das variações.

 

  1. No mercado externo

O Ministério da Economia divulgou os dados das exportações na primeira semana de junho.

E o país embarcou 2,23 milhões de toneladas de soja no período, registrando média diária de 447,2 mil toneladas. Trata-se de um desempenho 9,25% menor em relação ao mês anterior, e recuo de 9,90% frente a média diário do mesmo período em 2018.

O valor médio ficou em US$ 340,95 por toneladas, queda de 1,8% em relação ao preço médio no mês anterior, e recuo de 15,4 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado.

A peste suína africana na China diminui a demanda do gigante asiático, mas enquanto dura a disputa comercial com os EUA, o país chinês continuará voltada para a América do Sul – mantendo os prêmios fortalecidos mesmo com a redução do seu consumo.

 

E os embarques com o milho também diminuíram nesta primeira semana, o volume em 109,5 mil toneladas é 53,25% menor em relação ao mês anterior, mas ainda se registra 222% superior em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor médio negociado ficou em US$ 175,04 por toneladas, queda de 1,7% na comparação mensal, e recuo de 5,17% na comparação semanal.

  1. O destaque da semana

O milho futuro continua com volatilidade, mas nos últimos dias, o predomínio ficou para correções negativas.

E se o futuro subiu 23% ao longo de maio precificando os problemas climáticos nos EUA, agora o mercado começa a se voltar para a chegada da safrinha, corrigindo as altas e caindo 3,5% na última semana.

Vale destacar a diferença estreita entre os contratos de julho e setembro, com set/19 ficando R$ 0,34/sc acima da projeção de preços para jul/19 (na média da última semana). Mas em alguns momentos, o set/19 também ficou abaixo do seu vencimento anterior.

Ou seja, essa proximidade de preços entre esses dois vencimentos, ainda mostra indefinição do mercado sobre os preços no início do 2º semestre, indicando que novas correções continuarão no horizonte.

 

  1. E o que está no radar…

No radar fica a divulgação nesta terça-feira (11) do novo boletim de oferta e demanda do USDA. Espera-se que o Departamento norte-americano seja conservador em relação às projeções, embora já registre números menores para a produção de grãos no país.

E quedas acentuadas para a área e para a produção nos EUA devem gerar novas rodadas altistas para os futuros em bolsa.

A evolução do plantio da soja nos EUA também está no radar, dada a perspectiva de condições climáticas favoráveis ao avanço da semeadura. Neste sentido, se o desempenho das lavouras com soja mostrarem recuperação, os preços da oleaginosa – que já estão precificando problemas climáticos – poderão mostrar algum alívio.

Ou seja, os preços para a soja seguem indefinidos, em meio ao mercado climático desta nova safra norte-americana.