A corrida da China para importar o máximo de carne possível para compensar a queda no fornecimento doméstico, devido aos graves surtos do vírus da peste suína africana, trouxe ao gigante asiático um outro problema: o espaço de armazenamento nas câmaras frias em seus principais portos está se esgotando, segundo reportagem publicada pela Bloomberg.

Essa falta de capacidade de estocagem, relata a agência internacional de notícias, pode limitar as oportunidades para os produtores globais de carne, que vêm trabalhando para fechar acordos de exportação com a China.

A reportagem cita o Reino Unido, a Alemanha, a Rússia e a Índia como exemplos de países que estão procurando vender mais carnes para a China. Também aponta o forte crescimento nos embarques de carne suína e de frango do Brasil ao gigante asiático.

Em maio deste ano, as exportações de carne suína do Brasil para a China aumentaram 51% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, os embarques brasileiros de frango cresceram 49%.

Os importadores estocam uma grande quantidade de carne – principalmente suína e bovina – em armazenamentos refrigerados em portos como Tianjin, Xangai e Dalian, e agora eles estão quase cheios, disse à Bloomberg Wang Zhen, responsável pelo setor de logística no país.

Segundo Wang, a carne deve ser armazenada nos portos até o final do ano, antecipando a alta temporada de consumo do país. Grandes carregamentos de carnes refrigeradas terão que esperar até que os compradores encontrem lugar de armazenamento, disse.

Os importadores estão tentando mover a carne para o interior para armazená-la, informou Wang. No entanto, pondera, as instalações de armazenamento no interior são apenas para uso temporário, e os custos são mais altos do que os cobrados pelos portos.

A Tianjin Zhongyu Real Estate Co., maior operador de armazéns na área de Tianjin, disse à reportagem da Bloomberg que o espaço para produtos refrigerados em alguns dos principais portos está quase totalmente ocupado. Somente em Tianjin, cerca de meio milhão de toneladas de carne estão em armazenamento refrigerado.

À espera de preços melhores

A maior desova dos carregamentos de carnes entregues à China depende agora do aumento nos preços domésticos da commodity, disse Cao Guoliang, gerente de operações da Zhongyu.

“A maioria dos importadores comprou a carne em março e abril, e é provável que liberem as ações quando tiverem um lucro de 3% a 5%”, afirmou Cao. Os preços atuais não são lucrativos para eles venderem, acrescentou à Bloomberg.