Os altos custos de grãos usados na nutrição de suínos e a desaceleração nas exportações da carne neste início de ano preocupam o setor produtivo, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
“Este cenário de grãos, agravado por uma oferta elevada de carne suína, indica pelo menos no primeiro semestre de 2022 um período de muitas dificuldades para o setor que já vem amargando prejuízos desde o início do ano passado”, disse o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, em newsletter divulgada pela entidade na terça-feira (15).
“Apesar de uma boa expectativa com relação à segunda safra de milho, nada garante que teremos recuperação das margens neste ano.”
O volume de exportação total de carne suína brasileira em janeiro foi 18% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Mas dados parciais do mês de fevereiro divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, mostram uma desaceleração nos embarques neste mês, segundo a ABCS.
A média diária de exportações de carne suína in natura nos nove primeiros dias úteis de fevereiro foi de 3,1 mil toneladas, contra 4 mil toneladas diárias no mesmo mês do ano passado.
Além disso, a China tem comprado menos carne suína brasileira, na comparação anual, desde outubro do ano passado.
A ABCS disse que esses dados indicam que o setor não deverá registrar significativo crescimento das exportações ao menos neste início de ano.
“Mais preocupante é a queda do valor da tonelada exportada que em fevereiro de 2021 foi de US$ 2.425 e, agora (fev/22), recuou para US$ 2.166, tornando o mercado de exportação menos atrativo, o que também contribui para a queda de preço no mercado doméstico em função de maior oferta”, disse a ABCS.
O presidente da ABCS disse que entidades representativas do setor devem buscar recursos e alternativas junto ao poder público para a prorrogação das dívidas e abertura de crédito de longo prazo, para dar suporte ao segmento produtivo neste período desafiador.
“A ABCS tem trabalhado junto ao governo federal, solicitando medidas emergenciais que possam amenizar este momento, além de trabalhar no incentivo ao consumo para fortalecer o mercado interno, diminuindo a dependência das exportações e escoando o excedente da produção”, disse Lopes.