As políticas da China que pretendem zerar as contaminações por covid-19 bloquearam estradas, reduziram novamente as viagens aéreas e estão interrompendo rotas comerciais nas fronteiras terrestres, gerando um impacto direto sobre comerciantes e agricultores. No vizinho Vietnã, milhares de caminhões carregados de pitaia, jaca, melancia e outros produtos estão parados na fronteira aguardando passagem por semanas.

As viagens passaram a ser controladas no fim de 2021, quando autoridades chinesas suspenderam as operações ou diminuíram o tráfego em várias rotas alegando a necessidade de conter o vírus. Mercados como o Vietnã temem os efeitos das restrições impostas. O crescente apetite da China por produtos vietnamitas foi o que ajudou a impulsionar as exportações de pitaia em 2021, por exemplo, para quase 20 vezes o valor que se registrava em 2010 (de US$ 57 milhões para US$ 1 bilhão). Embora a Austrália e a Europa também sejam importadores do produto, a demanda em um ano desses destinos equivale a dois a três dias de remessas para a China.

Depois que um patógeno do vírus foi identificado em três lotes de pitaia, cidades, províncias e portos marítimos chineses testam não apenas pessoas, mas também as frutas para o novo coronavírus. No fim de dezembro, o Ministério do Comércio do Vietnã caracterizou as medidas da China – como suspender as atividades nos portões de fronteira e interromper as importações de frutas – como um exagero. Mas Pequim divergiu de grande parte do mundo ao continuar perseguindo seu objetivo de manter os casos de covid-19 em zero, mesmo que a variante Ômicron se espalhe globalmente.

Até setembro, o Vietnã era um dos praticantes rigorosos da política ‘zero covid’, mas o impacto do fechamento de negócios na economia, a baixa adesão à vacinação e a dificuldade de rastrear os casos com o avanço da variante Delta – na época, a cepa mais transmissível – ajudaram a decretar fim às medidas de restrição.

(AE/Dow Jones Newswires)