A BRF S.A. teve um prejuízo líquido de R$ 2,1 bilhões no quarto trimestre de 2018 e fechou o ano com perda de R$ 4,46 bilhões, impactada por suspensões de exportações por países compradores e sobreoferta de carnes no mercado interno, disse a companhia no resultado divulgado na quinta-feira (28).

“O ano de 2018 foi o mais desafiador da história de 10 anos da BRF e testou a nossa capacidade de reação e de respostas”, informou a companhia.

A BRF teve 12 plantas excluídas da lista de estabelecimentos aprovados para exportar para a União Europeia em 2018, como consequência dos desdobramentos da Operação Trapaça, da Polícia Federal. A empresa teve uma despesa total de R$ 994 milhões relacionada principalmente à Operação Trapaça e reestruturação corporativa.

A imposição de tarifas antidumping pela China ao frango brasileiro e a continuidade da suspensão de importação de carne suína pela Rússia durante o ano de 2018 também afetaram o desempenho da empresa.

A companhia vendeu ativos em 2018, como parte de seu plano de reestruturação que arrecadou R$ 4,1 bilhões.

O presidente da BRF, Pedro Parente, disse que em teleconferência com analistas e jornalistas na quinta-feira que a empresa ainda terá um impacto negativo contábil de R$ 800 milhões até o final do segundo trimestre deste ano, sem efeito caixa, referente à variação cambial na venda dos ativos.

Segundo ele, a venda dos ativos na Europa, Argentina e Tailândia, que tinham margens baixas ou negativas, aumenta a capacidade da companhia de gerar resultados positivos no futuro.

A receita líquida do grupo somou R$ 9,5 bilhões no quarto trimestre, alta de 7,2% ante mesmo período do ano passado. Em 2018, a receita foi de R$ 34,5 bilhões, 3,2% maior que em 2017.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) totalizou R$ 841 milhões no último trimestre de 2018, alta de 30,3% ano-a-ano. Em 2018, o Ebitda ajustado ficou em R$ 2,6 bilhões, queda de 8,4% ante 2017.

A margem Ebitda ajustada do quarto trimestre foi de 8,8%. No ano, a margem ficou em 7,6%.

A BRF fechou o ano com endividamento medido por dívida líquida/Ebitda em 5,12 vezes, ante 6,74 vezes ao final do terceiro trimestre do ano passado. A meta da empresa é chegar a 3,65 vezes ao final de 2019.

“Estamos hoje muito melhor do que estávamos a um ano atrás, porque as medidas que estamos implementando, não tenho dúvida, vão mostrar seus resultados a partir de agora”, disse Parente.

A empresa fechou o ano com capital de giro de R$ 541 milhões.

O vice-presidente executivo global da BRF, Lorival Luz, disse que as perspectivas para 2019 são positivas, com tendência de estabilidade de preço de grãos, recuperação de preços dos produtos da companhia e cenário econômico doméstico favorável. A Ásia também deve continuar com demanda acelerada, principalmente puxada pela China. (CarneTec)