A greve de caminhoneiros deflagrada na segunda-feira (21) está afetando o transporte de carnes e insumos no país e motivou a suspensão de turnos em algumas unidades produtoras, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“Conforme relatos dos associados, os bloqueios impedem o transporte de aves e suínos vivos, ração e cargas refrigeradas destinadas ao abastecimento das gôndolas no Brasil ou para exportações”, disse a ABPA. “Contratos de exportação poderão ser perdidos e há um forte aumento de custos logísticos com reprogramação de embarque de cargas.”
A Aurora Alimentos informou que paralisará totalmente as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul na quinta (24) e sexta-feira (25), em decorrência da greve.
“A suspensão total das atividades tornou-se imperativa e inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impede a passagem dos caminhões que transportam todos os insumos necessários ao funcionamento das indústrias e, também, o escoamento dos produtos acabados para os portos e os centros de consumo”, disse a cooperativa. “A capacidade de estocagem de produtos frigorificados – de 50 mil toneladas – está exaurida.”
Cerca de 2 milhões de aves e 40 mil suínos deixarão de ser processados nos dois dias de paralisação da Aurora, totalizando R$ 50 milhões em prejuízos para a cadeia produtiva ancorada na Aurora Alimentos, segundo a companhia.
A Frimesa Cooperativa Central também informou que suspenderá o abate de suínos nos frigoríficos de Medianeira e Marechal Cândido Rondon a partir desta quarta-feira (23) devido à paralisação dos caminhoneiros. “O reinício dos abates acontecerá assim que as estradas forem liberadas para o transporte”, disse a companhia em comunicado.
A greve dos caminhoneiros autônomos é organizada pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) em protesto à política de reajustes de preço de combustíveis da Petrobras e impostos incidentes sobre o óleo diesel.
A ABPA disse que apoia as motivações da greve “mas entende que o movimento deve preservar o fluxo dos alimentos e dos insumos para a produção”.
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne-PR) afirmaram em nota que a greve está afetando o abastecimento de alimentos em vários estados.
“Nós estamos recebendo inúmeras queixas de caminhões transportando nossos produtos que são perecíveis e estão parados em várias regiões do país”, disse o presidente executivo das entidades, Péricles Salazar.
As entidades consideram que o protesto dos caminhoneiros é justo, “mas a economia não pode parar por causa disto; e o fato de as carnes serem um produto perecível agrava ainda mais a situação”.
A manifestação dos caminhoneiros atinge 19 estados brasileiros, incluindo São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás, com participação de 200 mil caminhoneiros na segunda-feira, segundo a Abcam. (AE)