Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

 

A severa estiagem na Argentina já causa pressão positiva as cotações na Bolsa de Mercadorias de Chicago – CBOT. No Brasil a frequência das chuvas pode favorecer o desenvolvimento de doenças e ainda prejudicar a aplicação de defensivos agrícolas, além de poder limitar o ritmo de colheita dependendo da região produtora.

Deste modo, o impacto do clima na formação dos preços será gradualmente maior nas próximas semanas.

Outro ponto importante em 2018 será a maior volatilidade cambial em consequência das eleições no Brasil e o aumento da taxa de juros nos EUA pelo banco central norte-americano (FED).

Isso porque os juros mais altos nos EUA alteram estratégias de investimentos, fortalecendo a moeda americana e pressionando negativamente os valores das commodities em bolsa de mercadorias.

O fato é, se por um lado os aumentos dos juros norte-americanos pressionam negativamente a precificação em bolsa, a alta cambial torna o Brasil mais competitivo no mercado internacional.

Portanto, a perspectiva de o país preservar seu protagonismo como exportador de commodities agrícolas, causa relevante sustentação as cotações internas de grãos e de proteína animal.

Para a soja, os eventos em dezembro como a colheita norte-americana, a alta do dólar e o avanço da semeadura da oleaginosa no Brasil causaram queda em todos os contratos futuros na CBOT, o vencimento para mar/18 caiu quase 5% entre 06 de dezembro e 03 de janeiro. Veja no gráfico 1 a variação mensal do contrato março/18 em US$/bushel.

Ainda como pressão negativa, se adiciona a alta de 12% da produção mundial entre as safras 2015/16 e 2016/17 e estoques 26% maiores para o mesmo período. Além da recente colheita recorde norte-americana (120,6 milhões de toneladas), e assim os preços internacionais encontram equilíbrio abaixo de US$ 10,00/bushel.

Já no Brasil, a estimativa para a produção de soja também subiu 0,6% segundo a projeção da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), para atuais 109,5 milhões de toneladas.

Portanto, os produtores de soja que fixaram preços previamente, possivelmente asseguraram melhor remuneração frente os acontecimentos recentes. Àqueles que ainda possuem grande volume da oleaginosa a ser comercializada no mercado spot, podem encontrar preços menores nos próximos meses.

Para o milho, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) destaca o aumento de 47% da safra 2016/17, com uma produção recorde de 97,8 milhões de toneladas.

O fato deprimiu os preços internos, e muito embora o indicador do CEPEA tenha registrado alta de 30% desde início de julho, os dados parciais neste início de janeiro demonstram que os preços não alcançaram os patamares para o mesmo período de 2017, que atualmente encontram-se nos mesmo níveis de março/17 (gráfico 2).

 

Por outro lado, calcula-se queda de 18,75% para a produção do cereal nesta nova safra (CEPEA), e a demanda interna e mundial aquecidas, além de maior volatilidade por especulação climática (especialmente com o fortalecimento dos efeitos pelo fenômeno La Niña), são fatores que causam pressão positiva as cotações domésticas no médio prazo.

Desse modo, o indicador ainda pode alcançar patamares mais altos ao longo deste mês e aproximar-se dos níveis do início de 2017.

A questão é que o mercado futuro projeta curva positiva até março/18, sendo os altos estoques como resistência as altas e a baixa liquidez no mercado interno e a demanda internacional como sustentação às cotações.

Portanto, o ritmo de semeadura da segunda-safra e expectativas quanto as produções do cereal devem ditar os preços nas próximas semanas.