O mercado brasileiro de máquinas agrícolas deve voltar ao patamar de 45 mil unidades vendidas já neste ano, estima o presidente da AGCO para América Latina, Luís Felli.
“O mercado deve fechar 2018 já nessa ordem”, disse Felli durante evento da companhia realizado ontem em São Paulo. “Se considerarmos somente tratores, acredito que as vendas vão passar dos 40 mil neste ano”, estimou.
No acumulado de janeiro a setembro, foram vendidas no mercado interno 34,6 mil máquinas agrícolas no País, sendo 28,8 mil tratores, segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Os dados atualizados até outubro serão divulgados hoje.
A estimativa da AGCO é mais conservadora que a da Anfavea, que revisou no mês passado sua projeção, de 45,7 mil para 47 mil unidades. No ano passado, as vendas totais do setor alcançaram 42,4 mil máquinas agrícolas.
O CEO global da AGCO, Martin Richenhagen, disse que o potencial brasileiro é de crescimento de 10% nos próximos anos, amparado pela elevada venda de grãos para a China, em meio à guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos. “O Brasil exportará volumes enormes aos chineses nos próximos anos. Além disso, haverá um ambiente de mais estabilidade nos negócios”, destacou, referindo-se à eleição de Jair Bolsonaro para a presidência.
Para este ano, a perspectiva é de que o setor cresça entre 5% a 10% no País, com a recuperação das vendas após o primeiro trimestre do ano.
“Os preços dos grãos estão atrativos, saímos de um ano de altíssima produtividade na soja, as áreas continuam crescendo, e o humor [dos agricultores], está positivo”, acrescenta Felli. “A comunidade agrícola brasileira está satisfeita com o resultado das eleições”, observa.
Richenhagen, por sua vez, espera que Bolsonaro mantenha a oferta de financiamento por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para políticas de crédito que classificou como “exitosas”, incluindo o Finame. “Espero que o novo governo crie um ambiente em que possamos fazer negócios, mantenha a oferta de crédito e os juros atuais.”
Ele destacou que a empresa tem mais de 40% e market share no País e que o Brasil é muito importante para a companhia. “Esperamos que tão logo o mercado volte aos patamares normais e essa participação cresça”, disse Richenhagen, que também projeta uma retomada da contratação de funcionários com a melhora do ambiente de negócios.
Estados UnidosDe acordo com o CEO da AGCO, a fábrica de Canoas (RS) passará a fabricar tratores para exportação aos Estados Unidos em uma estratégia de substituição dessas importações, que antes da guerra comercial partiam da China. Trata-se de uma linha global de tratores de baixa potência.
Ele explica que a estratégia da empresa é produzir próximo dos consumidores. “Mas com as taxas [de 25%] impostas pelos EUA, estamos começando agora a fabricar esses tratores a partir do Brasil”, diz Richenhagen. Ele estima a exportação de 4 a 5 mil unidades da linha no primeiro ano.
As fábricas em Ibirubá e Santa Rosa, também no Rio Grande do Sul, serão responsáveis pela produção de dois lançamentos apresentados ontem, uma plantadora dobrável e uma nova linha de colheitadeiras, respectivamente.
A companhia norte-americana detém as marcas Massey Fergusson, Challanger, Valtra, GSI e Fendt, e registrou vendas globais de US$ 8,3 bilhões em 2017. “Neste ano, devemos chegar próximo dos US$ 10 bilhões”, estima o executivo.
Nos primeiros nove meses deste ano, as vendas globais da empresa cresceram 17% ante o ano passado. “Seremos um negócio de US$ 20 bilhões em dez anos”, projeta.
O CEO também destacou a expectativa de queda de 40% das vendas para o mercado de máquinas agrícolas na Argentina neste ano. “Não vemos uma retomada no próximo ano. O país é um desastre devido à política ruim”, afirma Richenhagen, referindo-se às tarifas de exportação de produtos agrícolas (retenciones), que voltaram a vigorar. (DCI)