Bruna Giacon é graduanda em agronomia e estagiária pela Agrifatto
Caroline Matos é zootecnista e trainee pela Agrifatto
Yago Travagini é economista e consultor júnior pela Agrifatto 

 

Nesta quinta-feira, o IBGE disponibilizou os dados finais com os números de abate e produção de carne de bovinos, frangos e suínos referentes ao quarto trimestre de 2020. Em resumo, o ano foi marcado pelo aumento de abates de frango e suíno, porém, após ter passado por três anos consecutivos de crescimento, o abate de bovinos no Brasil reduziu 8,5% comparado a 2019, totalizando 29,7 milhões de cabeças abatidas em todo o país, sendo este o menor número de bovinos abatidos desde 2011.
As incertezas quanto a rentabilidade do confinamento em conjunto com a oferta escassa de fêmeas, fez com que o abate de bovino no quarto trimestre de 2020 recuasse 5,5% em comparação ao terceiro trimestre de 2020, e registrasse uma queda de 9,6% quando comparado ao mesmo período de 2019, sendo o pior abate de bovinos para um quarto trimestre dos últimos 10 anos.
Ainda que os machos tenham registrado uma queda no seu volume abatido de 1,93% em 2020, as responsáveis pela diminuição do abate total foram as fêmeas. As vacas e novilhas apresentaram uma redução de 17,97% no comparativo anual, atingindo um total de 10,85 milhões de fêmeas enviadas para a linha de abate, o menor número dos últimos dez anos. Tal número, levou a participação das fêmeas no total abatido ao valor de 36,5%, também a menor participação desde 2010. Ou seja, quem ditou a evolução dos preços do boi gordo em 2020 na verdade foram as fêmeas.
Para 2021, o cenário para o abate de bovinos ainda não aponta para uma recuperação da oferta. Os dois primeiros meses já apresentaram números de animais abatidos menores que 2020, com isso a expectativa é de que a oferta continue restrita, e com os preços dos bezerros nas máximas históricas, a retenção de fêmeas reprodutoras continuará estimulada.
Enquanto os abates de bovinos diminuíram, os de suínos revelaram um novo recorde. O animal vem tendo altas desde 2004, e encerrou o ano de 2020 com um total de 49,3 milhões de cabeças abatidas, 6,4% a mais que 2019, um acréscimo de mais de 2,9 milhões de cabeças. O estímulo para a produção de suínos em 2020 veio do apetite externo e da evolução dos preços internos, o total de carne suína embarcada pelo Brasil em 2020 também foi recorde, com a China participando em mais de 50% no total importado.
Com a China ainda demonstrando dificuldades em recuperar seu rebanho suíno, a tendência é que os embarques de carne suína em 2021 sejam ainda melhores que 2020, estimulando a produção brasileira de suínos. Desta forma, a expectativa é de um abate que ultrapasse as 50 milhões de cabeças neste ano. A atenção das indústrias está na margem, pois os custos com alimentação aumentaram vertiginosamente, por conta da alta do milho e do farelo de soja.
Com um desempenho levemente inferior, os abates de frango alcançaram em 2020 o maior volume da série histórica desde 1997. Os abates aumentaram 3,3% em relação a 2019, com um total de 6,0 bilhões de frangos abatidos. No caso dos frangos, a atividade se viu estimulada pela atratividade da proteína no mercado interno. A alta da carne bovina e suína em conjunto com a crise econômica vivenciada em 2020, auxiliou para que o frango frequentasse mais a mesa do consumidor brasileiro neste ano, e com isso a produção acabou sendo incitada.
Para 2021, a expectativa é de estabilidade, visto que, o custo com alimentação aumentou muito e como as exportações de carne de frango estão derrapando, por conta da ausência russa e do oriente médio nas compras, o abate de frangos no país deve andar de lado.

 

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