Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto
O abate de bovinos no Brasil no 3º trimestre de 2018 totalizou 8,28 milhões de cabeças, segundo os dados divulgados na quarta-feira (12/dez) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
O número de animais representa um avanço de 7,1% ante o 2º semestre deste ano, quando foram abatidos 7,73 milhões. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, há um crescimento de 3,7% perante os 7,98 milhões de cabeças.
No consolidado dos nove primeiros meses de 2018, abateu-se 23,75 milhões de cabeças, trata-se do maior volume desde 2014, quando no mesmo período daquele ano foram abatidas 25,38 milhões. Já na comparação com 2017, o avanço registrado foi de 4,30%.
Se o volume de abates mensais acompanhar a sazonalidade, o volume projetado para 2018 deve ficar um pouco acima de 32,10 milhões de animais, ante 30,80 em 2017, mostrando a recuperação dos abates após a crise que atingiu a indústria a partir de 2014.
Há também outros dois destaques a partir dos dados divulgados pelo IBGE. O primeiro é a gradual alta da participação média de fêmeas nos últimos 3 anos. Entre janeiro e setembro de 2016 a proporção era de 39%, avançando para 42% em 2017 e para 43% neste ano.
O segundo destaque fica para a alta mais intensa da participação de novilhas, com a proporção passando de 9,25% em 2017 para 10,60% nos primeiros nove meses deste ano. Trata-se da maior participação desde que o IBGE passou a levantar as informações em 1997.
E ainda, o maior abate de vacas e novilhas, por meio da liquidação dos planteis e motivado por uma queda de rentabilidade da atividade de cria, diminui a oferta de bezerros. Assim, o ágio entre os preços do bezerro e do boi gordo deve se fortalecer, deixando a relação de troca (boi gordo x bezerro) menos competitiva daqui em diante.
É esperado, a partir de meados de 2019, uma menor participação de fêmeas nos abates, posto que a atividade de cria deverá ficar mais atrativa, com maior retenção desta categoria animal.
A inversão do ciclo pecuário deverá fortalecer os preços acima da inflação e, principalmente, acima dos custos de produção, melhorando a remuneração dos pecuaristas e impulsionando a arroba a patamares mais altos. Mas, além dos abates (e sua composição), a formação de preços pecuários também é influenciada diretamente pela demanda, tanto interna quanto externa.
O consumo interno deve continuar se recuperando nos próximos anos, de forma ainda tímida, mas constante, relacionando-se especialmente com o ritmo de geração de vagas de empregos e, por sua vez, a expansão da renda per capita. Segundo o boletim Focus (07/dez), a Produto Interno Bruto – PIB deve crescer 2,53% em 2019.
Nesse sentido, o consumo per capita de carne bovina, após recuar entre 2013 em 2016, vem se recuperando e deve continuar crescendo nos próximos anos. É importante ressaltar que em cenários de crise econômica, as proteínas alternativas (frango e porco) ficam mais competitivas.
A demanda externa de carne bovina deve continuar aquecida e as exportações devem crescer no comparativo anual. A reabertura do mercado russo e os grandes volumes exportados para a China e aos países árabes devem ditar o ritmo dos embarques. É preciso atenção as relações diplomáticas do Governo brasileiro, posto que pode ameaçar a relação com grandes parceiros comerciais.
O impacto da conjuntura descrita acima sobre os preços também é indicado em bolsa, com os contratos futuros 6,5% mais valorizados ante as médias mensais do indicador CEPEA, representando fortalecimento médio de R$ 9,30 por arroba.
O avanço em ritmo acelerado da demanda externa, e em menor medida do consumo doméstico, mas acima da expansão do rebanho brasileiro, deverá pressionar para cima os preços pecuários – especialmente após o período de maior concentração de oferta.