O dólar acelerou as perdas frente ao real nesta sexta-feira, após dados mostrarem uma inflação ao produtor mais baixa do que o esperado nos Estados Unidos, com investidores também de olho no salto do petróleo em meio a aumento das tensões no Oriente Médio.
O dólar à vista caía 0,59%, a 4,8469 reais na venda, por volta de 10h44 (de Brasília). Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,24%, a 4,871 reais na venda.
Dados desta sexta-feira mostraram que o núcleo dos preços ao produtor norte-americano, que exclui itens voláteis, ficou inalterado em dezembro, contrariando expectativas de alta de 0,2% no mês. Em base anual, o núcleo da inflação ficou em 1,8%, abaixo da previsão em pesquisa da Reuters de 1,9%.
O dado, que segue a inflação ao consumidor um pouco mais fortes do que o esperado na véspera, pode servir de argumento para que o Federal Reserve comece a cortar os juros já em março deste ano, como boa parte dos mercados precifica atualmente.
Isso jogaria a favor do diferencial de juros entre Brasil e EUA, tornando o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e aplicação desse dinheiro num mercado mais rentável. Por aqui, a taxa Selic está atualmente em 11,75%, nível ainda elevado apesar do ciclo de afrouxamento do Banco Central.
Enquanto isso, “o dólar cai de maneira disseminada e commodities operam em alta, em sua maioria, apesar de fortes perdas no minério de ferro”, disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Ele destacou o salto dos preços do petróleo, com os contratos futuros do Brent em alta de mais de 3% nesta manhã, depois que os EUA e o Reino Unido disseram que lançaram ataques aéreos e marítimos contra alvos militares houthis no Iêmen, em resposta aos ataques do grupo a navios no Mar Vermelho.
Esse desdobramento levantou temores sobre a possibilidade de uma escalada e expansão da guerra no Oriente Médio, conforme a guerra de Israel ao Hamas, em Gaza, continua. O Irã, que apoia grupos armados em todo o Oriente Médio, incluindo os houthis e os militantes do Hamas, condenou os ataques dos EUA e do Reino Unido.
Moedas de países emergentes exportadores tendem a se beneficiar de momentos de salto das commodities, muitas vezes mesmo quando o motivo por trás da alta é um aumento nas tensões geopolíticas.
(Notícias Agrícolas)