(Reuters) – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, demonstrou ser favorável a um mandato único para o Banco Central ao apontar nesta quinta-feira que a “posição correta” é que a autoridade zele pela inflação, quando questionado sobre a possibilidade de um segundo objetivo, que contemplasse também o nível de emprego no país.

“É importante que fique claro que o Banco Central tenha um mandato de controlar a inflação. Qual é a preocupação com o chamado mandato único? É que o Banco Central, em tese … pudesse exagerar e jogar a inflação muito mais baixo do que seria necessário e que, portanto, isso poderia estar muito abaixo da meta ou durante um período prolongado isso pudesse prejudicar o crescimento”, disse.

“A posição correta é termos um mandato de controlar a inflação, agora (com) provisões como, por exemplo, incorporar no próprio projeto o sistema de metas de inflação, com a questão do piso, do intervalo de tolerância e uma necessidade de uma explicação ainda mais formal dentro da lei do Banco Central caso a inflação esteja acima ou abaixo do piso.”

Na avaliação do ministro, incorporar formalmente o sistema de metas no projeto de autonomia formal da autarquia seria uma solução para garantir um BC preocupado com o alvo do IPCA, mas garantindo que o emprego será “maximizado a médio e longo prazo”.

A jornalistas, o ministro destacou que isso já acontece hoje, com o BC podendo calibrar a dosagem de suas decisões sobre a Selic em função do quadro econômico, contando com as bandas de tolerância para navegar em diferentes cenário. Para 2018, a meta de inflação é de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.

“O que se faria é colocar na lei algo que já funciona”, apontou.

No mês passado, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), afirmou que trabalharia para aprovar ainda em março no Senado um projeto que concede autonomia ao BC e que fixa como objetivo da autoridade monetária, além de perseguir a meta de inflação, o crescimento econômico e a geração de empregos.

Fontes da equipe econômica já haviam demonstrado forte resistência à investida, temendo que isso pudesse dificultar o trabalho da autoridade monetária e expô-la a pressões políticas.