A Prefeitura de Passo Fundo (RS) determinou nesta quinta-feira a interdição cautelar por 15 dias de uma unidade de aves da JBS localizada no município, devido a ocorrência de casos de coronavírus confirmados entre os funcionários.

A planta havia sido fechada no dia 24 de abril e, segundo a prefeitura, a medida deve impedir o retorno das operações que estava previsto para esta semana.

Procurada pela Reuters, a JBS disse em nota que tomará todas as medidas cabíveis para reverter a interdição municipal.

De acordo com a prefeitura, a interdição é fundamentada no entendimento da Vigilância em Saúde do Município de que foram desrespeitadas regras sanitárias e epidemiológicas, o que pode colocar em risco a saúde de toda a população.

“A empresa deveria providenciar monitoramento de todos os trabalhadores afastados, o que não teria ocorrido”, afirmou a prefeitura ainda no entendimento da vigilância municipal.

O comunicado da prefeitura enfatiza que a interdição municipal não tem ligação com uma decisão da Justiça do Trabalho, que trata da relação entre empregados e a empresa.

“A interdição municipal trata da busca da proteção de toda a população”.

A primeira suspensão das operações da planta de Passo Fundo foi definida por inspetores do trabalho vinculados ao Ministério da Economia, após um surto de Covid-19 que atingiu cerca de 20 empregados, conforme comunicado do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul.

O contágio marcou a primeira disseminação em grande escala do vírus em um frigorífico no Brasil.

Nesta semana, a JBS informou em nota que havia recebido a autorização para reabrir a unidade, citando uma decisão do juiz do trabalho da 2ª Vara do Trabalho de Passo Fundo, Luciano Ricardo Cembranel.

Questionada sobre a nova interdição, imposta pela prefeitura, a JBS refutou os argumentos presentes no auto de infração expedido pela Vigilância Sanitária e disse que contraria a decisão judicial de Cembranel, de 4 de maio.

“A empresa tem adotado todas as medidas de prevenção necessárias para proteção e segurança dos seus colaboradores e tomará todas as medidas cabíveis para reverter a interdição municipal”, disse a companhia.

De acordo com a empresa, em decisão proferida pela Justiça ficou demonstrado que os mais de 2.500 colaboradores da unidade da JBS em Passo Fundo trabalham sob rígidas medidas de segurança.

Dentre as ações adotadas, a JBS destaca o afastamento de pessoas que fazem parte do grupo de risco como maiores de 60 anos, gestantes e todos os que tiveram recomendação médica; distanciamento social; medição de temperatura de todos antes do acesso às fábricas e desinfecção diária dos ambientes.

“Essas e outras medidas de proteção constam de laudo da perícia técnica assinado pela especialista em medicina do trabalho Sabine Braga Chedid, que vistoriou todo complexo fabril da companhia em 23 de abril a pedido da Justiça do Trabalho, um dia antes da interdição da unidade.”

A JBS disse ainda que decisões como essa colocam em risco a segurança jurídica e a garantia do abastecimento à população. (Reuters)