A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) fez um balanço positivo da visita presidencial à Ásia e ao Oriente Médio. Conforme o vice-presidente e diretor de mercados da associação, Ricardo Santin, a China fez nesta semana uma inspeção por transmissão em vídeo em duas plantas no Brasil, uma de suínos e outra de frangos, selecionadas por amostragem, na sequência da visita do presidente Jair Bolsonaro ao país asiático. Quanto à Arábia Saudita, ainda não há avanço concreto, segundo ele, mas a expectativa é de que a visita de Bolsonaro possa levar a avanços na liberação de cinco plantas de frango do Brasil que estão com restrições à exportação para o país e que a unidade da BRF nos Emirados Árabes volte a exportar para os sauditas.
“Quanto à China houve uma evolução, tanto que tivemos nesta semana mais uma visita por transmissão de vídeo pela internet para habilitação em plantas que estavam pendentes da última lista (de pedidos de habilitação)”, afirmou Santin, em entrevista ao Broadcast, em Riad. Ele explicou que a visita remota é feita por programas que fazem ligações por vídeo, como WeChat ou Skype, com o inspetor federal chinês de um lado e uma equipe da fábrica no Brasil. Durante a transmissão, o representante do governo pede que sejam mostrados detalhes da unidade de produção. Para ele, é um evolução do processo, que demonstra o estreitamento da parceria entre Brasil e China. “Teve uma visita nova, que pode resultar em habilitações ou não. Mas isso demonstra que a visita ajudou a reforçar a confiança no brasileiro. Há uma boa expectativa de a China criar um ritmo de habilitações de acordo com a necessidade deles.”
O governo chinês também avalia questionários respondidos pelas empresas sobre a produção. “Os chineses fizeram uma visita em plantas por amostragem e, olhando os questionários, decidem se habilitam ou não”, disse. “A presença do presidente levou a apressar esse processo.” Segundo ele, o caminho para o avanço foi pavimentado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que já havia estado no país neste ano e participou da missão de Bolsonaro na semana passada. Ocorreram avanços até mesmo em questões técnicas, como reconhecimento da assinatura e certificação digital. Segundo ele, os preços de frango na China já subiram com a peste suína africana, e o país pode começar a demandar mais volumes de proteínas do exterior.
Arábia Saudita
Na Arábia Saudita, a percepção é de que também ocorreram avanços no que tange à negociação de reabertura da exportação de quatro plantas brasileiras que foram desabilitadas para vender ao país no começo do ano após restrições impostas pelo governo saudita e uma que perdeu a habilitação recentemente por problemas documentais. Quatro delas já anunciaram um plano de ação para concretizar as adaptações solicitadas por Riad. “Aqui tem alguns problemas pendentes de plantas, de análises de listas, mas a presença do presidente reforça essa parceria. Não tem resultado concreto, se vai habilitar tal planta ou mandar missão. Mas pelo menos você cria laços em um nível muito mais elevado”, explicou. “Não temos problema de halal (abate de animais de acordo com preceitos islâmicos), sempre fizemos o melhor halal do mundo e não tinha por que ‘delistar’ as plantas.” No caso da restrição à exportação da BRF para a Arábia Saudita pelos Emirados Árabes, a expectativa também é que a visita do presidente e o anúncio do investimento local contribuam para a retomada dos embarques, segundo ele.
Santin reforçou que, nos últimos 20 anos, o Brasil vendeu 376 mil contêineres de carne, ou 9,4 milhões de toneladas de carne de frango para os sauditas. “Esperamos que essas plantas que tinham uma alteração (solicitada) já feita sejam ou visitadas ou liberadas. Mas não há nenhuma previsão de missão ainda. Estamos aguardando na esperança de que a Arábia marque uma missão para o Brasil.” Nos Emirados Árabes, segundo ele, não havia nenhum problema para resolver no caso do frango, e a visita foi avaliada como positiva pela ABPA. Nos dois países árabes, conforme Santin, a visita de Bolsonaro foi importante para resolver o mal-estar provocado pela sinalização de troca da embaixada de Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. O governo brasileiro já havia indicado que abrirá apenas um escritório de negócios em Jerusalém, sem finalidade diplomática. (AE)