As vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias pela indústria a concessionárias no Brasil saltaram 10% em março quando na comparação com mesmo mês do ano passado, e também avançaram fortemente ante fevereiro, com o segmento apoiado pelo agronegócio, setor menos afetado pelo coronavírus do que os demais.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta segunda-feira mostraram vendas de 4,1 mil unidades desses equipamentos no mês passado, o que representa alta de 46% frente a fevereiro.
Já as exportações de equipamentos desses setores em março deste ano somaram 980 unidades, com queda de 11,9% ano a ano, mas avanço de 18,9% na comparação com fevereiro.
No mercado interno, o destaque ficou para as colhedoras de cana, que registraram aumento de 162% em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 176 unidades.
Já as vendas de colheitadeiras de grãos somaram 389 unidades, aumento de 13,4% ante fevereiro, mas uma queda de 34,4% ante março do ano passado.
Segundo o vice-presidente da Anfavea, Alfredo Miguel Neto, os dados de março mostram que o agronegócio segue resiliente, mesmo em meio à crise do coronavírus.
“A questão do Covid, não estamos vendo impacto neste momento. A agricultura não para, independentemente do coronavírus, quem plantou vai colher, a alimentação foi declarada como essencial pelo governo”, declarou Miguel Neto, por telefone.
Questionado especificamente sobre o salto para colhedoras de cana, que custam cerca de 1 milhão de reais, dependendo do fabricante, ele disse que os produtores contam com crédito disponível a juros relativamente baixos, na esteira da taxa Selic, que está em mínima histórica.
Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, o aumento das vendas se deve à renovação natural da frota.
“Nosso índice de mecanização é altíssimo e as empresas estão investindo na busca de produtividade e redução de custos. Todos esses investimentos estão planejados por conta do RenovaBio”, disse Padua à Reuters, referindo-se ao programa nacional de biocombustíveis, planejado para impulsionar o setor.
SEM CANCELAMENTOS
O diretor da Anfavea disse ainda que o setor não registrou qualquer pedido de cancelamento de encomendas no segmento de máquinas agrícolas, e que ainda há estoques que podem durar de 30 a 60 dias, dependendo da fabricante, enquanto as empresas fecharam para combater o coronavírus.
Sobre o retorno do setor às atividades, ele disse que as indústrias estão aguardando uma evolução do quadro do coronavírus antes de definirem como isso acontecerá.
Em março, a produção de máquinas agrícolas e rodoviárias no país, por outro lado, somou 4,1 mil unidades, com queda de 7,7% frente ao mesmo mês ao ano anterior.
Na comparação com fevereiro, houve aumento de 14,9%, segundo os dados da Anfavea. (Reuters)