Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

 

Considerando uma cesta de moedas com os principais países importadores da carne nacional, nota-se que a moeda brasileira iniciou 2017 após um ano de forte valorização, com o dólar em janeiro de 2016 em R$ 4,00 e encerrando aquele mesmo ano em R$ 3,25.

Ou seja, entre início e final de 2016 o real valorizou-se 18,60% frente à moeda norte-americana, a maior variação desse tipo desde 2009, e o processo de fortalecimento se seguiu até início de 2017.

O movimento de 2016 justifica-se pela política monetária e eleições nos EUA naquela época, a possibilidade de impeachment de Dilma Rousseff e a alta das commodities.

Mas após os primeiros meses de 2017 as variações ocorreram em menor proporção, com flutuações ao longo do ano em resposta às operações da polícia federal, ao esforço do governo em aprovar reformas, às ações do Banco Central brasileiro, como operações de swap (venda futura de dólares), e aos cortes da taxa de juros básica, além de ações do banco central norte-americano (FED) e políticas internacionais.

Além disso, em 2017 a entrada de dólares no Brasil ocorreu em maior proporção do que o movimento de retirada, com um saldo positivo em US$ 625 milhões.

O fato é que entre início e final de 2017 o dólar se fortaleceu em 5,11%, iniciando o período a R$ 3,15 e encerrando em dezembro a R$ 3,31 (gráfico 1). E 2018 promete ainda mais volatilidade, afinal, temos aí o período eleitoral em vista.

O importante é destacar que a variação cambial em uma cesta de moedas formadas pelos principais consumidores da carne brasileira seguiu praticamente a mesma tendência do dólar descrita acima (gráfico 2).

 

Ressalta-se ainda a valorização do Rublo (moeda Rússia), que contou com o melhor desempenho em 2016 e seguiu com relação positiva também em 2017 na comparação com o real e com o dólar. Valorizando-se 7,74% em relação à moeda brasileira e 4,23% em comparação com o dólar, o movimento foi resultado da recuperação econômica após a recente crise do petróleo que atingiu fortemente aquele país.

A curva positiva ocorreu pelo governo Russo não interferir na flutuação cambial em seu país e, apesar de prejudicar em certa medida as exportações de barris de petróleo, a sua moeda valorizada pode favorecer a compra da carne brasileira, já que a expectativa é positiva para a relação entre Brasil e Rússia em 2018.

Além disso, a análise da cesta de moedas indica que junto com o Rublo, também há expectativas de que o Yuan mantenha sua valorização no médio prazo, colaborando com um cenário positivo às exportações brasileiras para a China, já que a relação comercial com esses países deve se ampliar em 2018.

Estima-se que a importação pela China possa avançar 11% em 2018.

Ou seja, após um período de forte valorização da moeda brasileira, há um enfraquecimento do real em relação aos seus pares mais relevantes, especialmente a partir da metade de 2017.

A tendência para 2018 é de maior volatilidade do câmbio com pressão positiva principalmente pelas eleições brasileiras e ações do banco central norte-americano.

O fortalecimento cambial entre os principais importadores da carne brasileira torna ainda mais convidativa as relações comerciais com o Brasil, que já conta com um preço da proteína animal competitiva no mercado internacional.

Portanto, o desempenho do câmbio em 2018 estará fortemente relacionado aos eventos durante as campanhas eleitorais e deverá promover maior competição do Brasil no mercado internacional, especialmente no segundo semestre.