(Reuters) – O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Brasil em 2019 foi estimado nesta segunda-feira em 602,8 bilhões de reais, um avanço de 1,1% na comparação anual e também acima do número projetado em junho, de 600,93 bilhões de reais, informou em nota o Ministério da Agricultura.
De acordo com a pasta, a cifra foi puxada por uma avanço de 4,36% na pecuária em relação ao ano passado, com um faturamento previsto em 204 bilhões de reais para o setor, impulsionado por bons resultados nas carnes bovina, suína e de frango.
“Essa melhoria deve-se especialmente ao mercado internacional favorável às carnes nos últimos 12 meses”, disse em nota o coordenador geral de Avaliação de Políticas e Informação, José Gasques.
Apenas as exportações de carne bovina do Brasil, por exemplo, avançaram 27% no primeiro semestre de 2019, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Os números têm sido alavancados principalmente pelos embarques à China, que enfrenta um surto de peste suína africana e, com isso, reduziu o consumo interno das carnes de porco, principal proteína do país, avançando nas aquisições tanto de carnes alternativas, como de frango e bovina, quanto da própria carne suína.
Entre os produtos agrícolas, entretanto, o ministério informou uma retração de 0,45% ante 2018. As lavouras somam, nos dados atualizados nesta segunda-feira, um faturamento de 398,8 bilhões de reais.
O descréscimo provém de desempenhos desfavoráveis em culturas importantes, como café (queda de 24,1%), soja (-13,2%) e cana-de-açúcar (-8,2%), segundo o ministério.
Muito em função da peste suína, a soja enfrenta menor demanda junto a seu principal importador mundial, a China, onde é amplamente utilizada como ração, enquanto o café passa por uma crise de preços no mercado internacional.
Por outro lado, a pasta sinaliza bons resultados em produtos como algodão, com um avanço de 17,2%, milho (+18,8%), trigo (+13,6%) e laranja (+11,5%) —não o suficiente, porém, para compensar as baixas.
“Um grupo grande de produtos vem tendo resultados melhores do que no ano passado”, ponderou Gasques, destacando especialmente o algodão, cuja área plantada avançou 36,2%, motivada por cotações positivas do pluma, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A expectativa da Conab é que as exportações da pluma possam atingir um recorde de cerca de 1,5 milhão de toneladas em 2019, um aumento de 60% na quantidade embarcada ante safra passada.