O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, projetou nesta quarta-feira que a China irá ao mercado norte-americano para realizar compras de soja no final da primavera ou no verão (do Hemisfério Norte), após Pequim ter se comprometido em janeiro a comprar mais produtos agrícolas dos EUA como parte da Fase 1 do acordo comercial entre os países.

Grandes compras de produtos agrícolas norte-americanos pela China não foram registradas até o momento, o que aumentou as dúvidas de operadores e produtores quanto ao cumprimento das promessas feitas por Pequim.

A soja representava mais de metade das compras agrícolas da China junto aos EUA em 2017, antes do surgimento da guerra comercial entre os países, e deve ter papel-chave no aumento das aquisições.

“Nós acreditamos que a China é uma consumidora esperta. Eles vão comprar onde houver o melhor negócio. Nesta época do ano, eles compram soja do Brasil. Achamos que eles virão para o mercado dos EUA no final da primavera e no verão, e vão cumprir integralmente seus compromissos”, disse Perdue, em depoimento ao Congresso norte-americano.

No acordo inicial assinado em 15 de janeiro, a China se comprometeu a adquirir pelo menos 12,5 bilhões de dólares adicionais em produtos agrícolas dos EUA em 2020, além de pelo menos 19,5 bilhões de dólares adicionais em 2021. Ambos os valores têm como baliza as cifras registradas em 2017, de 24 bilhões de dólares.

No entanto, um surto de peste suína africana reduziu a demanda chinesa por soja, utilizada como alimento para o plantel de animais. Além disso, a disseminação do novo coronavírus também ameaça o crescimento econômico do país asiático.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no mês passado que é possível que o país conceda auxílio adicional aos agricultores norte-americanos até que os acordos comerciais com China, México, Canadá e outros países entrem de fato em vigor.

O governo Trump separou 16 bilhões de dólares em pacotes de ajuda aos produtores em 2019, e 12 bilhões de dólares um ano antes.

“Estou dizendo aos produtores: vamos plantar para o mercado, e torcer e rezar para que o comércio retorne, como acreditamos que vai ocorrer”, disse Perdue.

A China anunciou no mês passado que concederia exceções às tarifas retaliatórias aplicadas durante a guerra comercial a produtos norte-americanos, entre eles a soja. (Reuters)