O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) elevou nesta quinta-feira sua estimativa para as ofertas norte-americanas de milho, diante de expectativas de consumo reduzido do grão por produtores de etanol, uma vez que a demanda pelo biocombustível despencou devido à disseminação do novo coronavírus.
O governo norte-americano também aumentou sua projeção para os estoques finais de trigo e soja no país, por causa da demanda fraca por produtos dos EUA no mercado de exportação.
A previsão de exportações reduzidas de trigo reflete no aumento do preço do cereal, impulsionado pela crescente demanda por massas e pães nos supermercados para consumo doméstico.
O relatório mensal do governo ressalta os impactos que a pandemia de coronavírus tem gerado para a cadeia global de oferta de alimentos, uma vez que fluxos tradicionais de exportação estão confusos, as plantas de etanol estão fechadas e os produtores de animais enfrentam dificuldades para ajustar as proporções das rações.
Os estoques finais de milho dos EUA para o ano comercial de 2019/20 foram projetados em 2,092 bilhões de bushels, ante estimativa de 1,892 bilhão de bushels em março, superando as previsões do mercado, de 2,004 bilhões de bushels.
O consumo pelo setor de etanol foi reduzido de 5,425 bilhões de bushels para 5,050 bilhões de bushels.
“Nós esperávamos que o uso para etanol levasse um grande golpe, e foi isso que aconteceu”, disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities. “Era esperado, mas isso mostra o quão séria é a situação para a indústria.”
Os contratos futuros do milho negociados em Chicago passaram a subir depois da divulgação do relatório, com operadores expressando alívio pelo governo ter considerado todo o dano causado pela pandemia, em vez de apenas fazer mudanças incrementais.
“Eu acho que o mercado realmente aprova a abordagem de ‘tirar o band-aid com tudo’ que o USDA tomou nesse relatório”, disse Ted Seifried, estrategista-chefe de mercado da Zaner Ag Hedge.
O USDA projetou os estoques finais de trigo dos EUA em 970 milhões de bushels, e os de soja em 480 milhões de bushels. Analistas esperavam que o número para o trigo fosse de 940 milhões de bushels, enquanto os estoques finais de soja eram vistos em 430 milhões de bushels, segundo a média das estimativas compiladas pela Reuters em pesquisa.
O departamento também reduziu seu panorama para as exportações de soja dos EUA em 50 milhões de bushels, e para os embarques de trigo em 15 milhões de bushels.
O corte nas projeções de embarque para a oleaginosa foi parcialmente compensado por um aumento de 20 milhões de bushels no uso dos grãos por processadores.
O avanço nas cifras de esmagamento reflete a demanda elevada por farelo de soja por produtores de animais, que buscam substituir os grãos secos por destilação, uma ração baseada em milho que é subproduto da fabricação de etanol. (Reuters)