A Argentina deve exportar 780 mil toneladas de carne bovina em 2023, queda de 5,4% em comparação com 2022, quando foram exportadas 825 mil toneladas. A projeção é do escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na Argentina. Em relatório, o órgão aponta que os valores pagos pelos importadores, especialmente China e União Europeia, estão maiores neste ano, o que poderia sugerir alguma mudança na projeção. “No entanto, o crescimento será limitado pelas mesmas restrições de exportação que a Argentina tinha em 2022.” O governo argentino suspendeu a exportação dos cortes bovinos mais consumidos no país até o fim de 2023, como medida para conter os preços da proteína no mercado doméstico.
Segundo o USDA, analistas do país “duvidam” que a Argentina seja capaz de capitalizar, em grande medida, qualquer oportunidade comercial que possa ocorrer pelo autoembargo do Brasil nas exportações da proteína ao mercado chinês, após o registro de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (BSE), conhecido como mal da vaca louca, no Pará. “Se as exportações brasileiras para a China, assim como para outros mercados, ficarem suspensas por um período maior, isso poderia impulsionar o embarque de algumas toneladas a mais, mas não em volumes significativos.”
O órgão lembra que este ano ocorrerão eleições presidenciais no país e que o preço da carne bovina é “politicamente sensível” na Argentina. Sobre isso, o escritório diz que a produção de carne bovina não deve aumentar em 2023, mas que qualquer elevação nas exportações desencadearia uma competição direta com o consumo interno, “impulsionando os preços internos da proteína”. A indústria acredita, de acordo com o órgão, que o governo argentino continuará monitorando de perto os preços da proteína.
Como nos últimos anos, espera-se que a China adquira aproximadamente 75% do volume total das exportações argentinas em 2023, enquanto o restante deverá ser enviado para a UE, Israel e os Estados Unidos. Em relação aos preços, o órgão lembra que a cotação média FOB (free on board) para a China em 2022 foi 16,5% maior do que em 2021. “Em contrapartida, o valor recuou 39% no segundo semestre de 2022 e segue até hoje.”