A indústria de suínos dos Estados Unidos e o Departamento de Agricultura do país (USDA) estão discutindo a possibilidade de sacrificar milhares de animais, depois que os surtos do novo coronavírus provocaram o fechamento de algumas das principais unidades de processamento de carne.
O setor de suínos nos EUA normalmente abate cerca de 510 mil animais diariamente para a produção de bacon, presuntos e linguiça. Os casos da covid-19 entre os trabalhadores das fábricas levaram ao fechamento temporário de unidades que são responsáveis por cerca de um quinto do total diário, ou 105 mil animais. Isso está deixando as granjas de suínos lotadas e aumentando a perspectiva de que os animais sejam sacrificados e enterrados ou enviados a graxarias, que transformam as carcaças em uma gordura de baixo valor para a fabricação de produtos como ração para pets.
Embora a eutanásia em larga escala ainda não esteja ocorrendo, disseram criadores, as opções consideradas incluem o uso de equipes bastante reduzidas para operar as linhas de abate fechadas ou o envio dos animais a instalações vazias onde eles possam ser eliminados com dióxido de carbono.
Como os criadores estão com milhares de suínos que não têm para onde enviar, os galpões que devem receber novos leitões no futuro próximo podem ficar superlotados. A eutanásia seria a opção mais humana em alguns casos, disse um porta-voz do Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína.
“Estamos enfrentando decisões muito difíceis e nunca antes vistas”, disse Gene Noem, que abate suínos no condado de Howard, no Estado de Iowa, e atua como tesoureiro do Conselho Nacional de Carne Suína. Noem não precisa se preocupar em eliminar imediatamente o excesso de suínos em sua granja de 5 mil animais, porque eles ainda não atingiram o tamanho ideal, disse.
A crise dos produtores de carne suína está se agravando, após grandes companhias como Smithfield Foods, Tyson e JBS USA terem fechado temporariamente unidades de processamento por causa de casos de covid-19 entre os trabalhadores. Outras fábricas tiveram de reduzir as operações porque muitos trabalhadores decidiram ficar em casa com medo de contrair o vírus.
Criadores de suínos disseram que geralmente têm um problema maior que o de criadores de frango e de bovinos. A produção de aves é amplamente gerenciada por grandes empresas como Tyson, Pilgrim’s Pride e Sanderson Farms, que podem reduzir a oferta quebrando ovos em vez de chocá-los. Já o gado pode ser mantido no pasto por mais tempo e não ganha peso tão rapidamente quanto os suínos.
O Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do USDA disse no sábado que criaria um centro nacional para trabalhar com criadores atingidos pelo fechamento de unidades de processamento de carne. O centro vai trabalhar com autoridades estaduais para encontrar outros mercados para os animais, ou aconselhar e ajudar na eutanásia e o descarte, disse a agência. (AE)