A Prefeitura de São Paulo informou ontem que vai reabrir o Ibirapuera, na zona sul da cidade, e outros 69 parques municipais na próxima segunda-feira. Os espaços funcionarão em horário restrito e continuarão fechados nos finais de semana, com o objetivo de evitar aglomerações. O acesso a bebedouros, quadras, equipamentos de ginástica será proibido. A gestão Bruno Covas (PSDB) anunciou ainda a retomada das academias de ginástica na próxima semana – o que é visto com ressalvas por especialistas.
Os parques do Ibirapuera e do Carmo, na zona leste, funcionarão das 6 horas às 16 horas. Já os demais parques urbanos e lineares abrirão das 10 horas às 16 horas, incluindo os da Luz e Buenos Aires, na região central, e o da Aclimação, na zona sul. Desde o fechamento desses locais, em 21 de março, parte dos frequentadores passou a praticar atividades físicas nos espaços abertos e no entorno das áreas verdes.
A Prefeitura promete controle, na entrada dos parques, para garantir até 40% da capacidade de ocupação, com menor número de acessos abertos. Nas unidades com gramados, está previsto projeto para marcação de distanciamento social no chão.
Máscaras serão obrigatórias e banheiros ficarão abertos, com sabão líquido à disposição. Além disso, permissionários dos parques poderão reabrir seus negócios, como lanchonetes e restaurantes, desde que “respeitado os seus protocolos de atendimento”, disse Covas.
No total, há na cidade 108 parques municipais. Dentre os que seguem fechados estão o Trianon e o Mário Covas, na Avenida Paulista, e a Casa Modernista, na zona sul. A medida não abrange também o programa Ruas Abertas, que inclui o fechamento da Paulista para veículos, e o Parque Minhocão.
A reabertura dos parques estaduais é discutida pelo Centro de Contingência Contra o Coronavírus, da gestão João Doria (PSDB). Nessa lista estão o Villa-Lobos e o da Água Branca, na zona oeste, Cantareira e Juventude, na zona norte.
No caso de Parques Naturais Municipais, a visitação valerá uma vez por semana, com agendamento: Jaceguava (segunda), Itaim (terça), Fazenda do Carmo (terça), Varginha (quarta) e Bororé (quinta). A flexibilização ainda abrange seis áreas de preservação, que terão só visitas agendadas e para “fins de pesquisa”. São elas: Cratera de Colônia, Reserva do Morumbi, Quississana, Ecológico de Campo Cerrado Alfred Ústeri, Savoy City e Altos da Baronesa.
Academias. Covas também anunciou que academias de ginástica e empresas de audiovisual (como de propaganda) poderão retomar atividades presenciais na segunda. O protocolo de retomada deve ser assinado hoje pelo prefeito e representantes dos setores.
A reabertura desses espaços foi liberada pelo Estado na semana passada para cidades na fase 3 (amarela) do plano de flexibilização da quarentena. O modelo divide o Estado em regiões e cinco níveis de reabertura da economia, conforme o número de infecções, mortes e a ocupação hospitalar. Pelo desenho original, porém, academias seriam permitidas só na fase 4 (verde), com uma situação menos grave da pandemia. Os municípios da Grande São Paulo também estão no nível 3.
Pelas regras estaduais, academias terão de respeitar limite de ocupação de 30% da capacidade, horário de funcionamento de seis horas diárias, com acesso só por agendamento prévio, e suspensão de atividades em grupo e do uso de vestiários e chuveiros. Serão liberadas apenas aulas e práticas individuais. Equipamentos devem ser higienizados três vezes ao dia.
Críticas. Para Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas e da Sociedade Brasileira de Infectologia, reabrir parques, por serem ambientes abertos, pode ser positivo. “As pessoas não aguentam mais ficar em casa e há o aspecto da saúde mental.” Mas tem ressalvas sobre as academias, por serem locais fechados. Além disso, explica, durante exercícios as pessoas respiram com mais intensidade, dispersando partículas.
Domingos Alves, da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto, vê a reabertura na capital como um “tiro no pé”. Para ele, o número de casos deve aumentar com a flexibilização. “Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é um perigo fazer exercícios, suar e usar máscara, porque a máscara retém mais vírus e bactérias. Mesmo no parque, há aglomeração. Não chegamos a patamares sustentáveis para esse plano de abertura”, diz ele, que também se preocupa com a conexão entre capital e região metropolitana.
Secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido afirmou ontem que a taxa média de crescimento diário de novos casos na capital tem caído desde a semana de 23 de maio. Naquela semana, a taxa foi 3,7% menor que na semana anterior. Com o decorrer das semanas, diz, a desaceleração aumentou, coincidindo com a reabertura. Nesta semana, entre 4 e 7 de julho, a taxa de novos casos foi 1,2% maior que na semana anterior.
Anteontem, a capital confirmou mais 98 óbitos pela doença, totalizando 7.987 mortes confirmadas. A taxa de ocupação de UTIs era de 55% ontem. (AE)