(Reuters) – Produtores que cultivam soja entre Mato Grosso Sul e Goiás estão observando produtividades díspares nas lavouras da safra 2018/19, após condições climáticas não tão favoráveis durante o desenvolvimento das plantações, enquanto as primeiras colheitas são marcadas por chuvas mais constantes.
Embora as lavouras dessa região do Centro-Oeste não tenham sofrido com a seca na mesma intensidade registrada no Paraná e no sul de Mato Grosso do Sul, os rendimentos no campo também tendem a ficar aquém do potencial que se desenhava no início do plantio.
Técnicos da Agroconsult percorreram na véspera o trecho entre Campo Grande (MS) e Jataí (GO), no primeiro dia de campo de mais uma etapa do Rally da Safra, expedição técnica acompanhada nesta semana pela Reuters.
As produtividades estimadas pela consultoria nas plantações analisadas nesse percurso de pouco mais de 500 quilômetros variam de 50 a 75 sacas de 60 kg por hectare.
A região, segundo os técnicos, apresenta muitas vezes potencial produtivo superior a 70 sacas por hectare, graças, em parte, a um solo mais argiloso e fértil.
“Foi muito fraco”, disse o produtor Ivanilson de Sousa, que neste ano cultivou soja em 350 hectares, entre próprios e arrendados, no município de Chapadão do Céu (GO), perto da divisa com Mato Grosso do Sul.
“O primeiro pedaço que a gente abriu (colheu), achávamos que ia dar 70, 80 sacas (por hectare), mas vieram 60. Tem vizinho que está colhendo 40, 50”, afirmou, enquanto uma de suas máquinas avançava pelo talhão colhendo a oleaginosa que, ainda segundo ele, ficou cerca de 15 a 20 dias sem chuvas durante o momento de frutificação e enchimento de grãos.
Na safra passada, quando o Brasil, o maior exportador global, colheu um recorde de 119,3 milhões de toneladas de soja, Sousa obteve entre 70 e 80 sacas por hectare.
Para este ano, a maioria dos analistas e instituições já aponta um número menor do que o visto na temporada passada. Na véspera, a associação da indústria de soja, Abiove, reduziu a previsão de safra em 2,5 por cento ante a projeção de dezembro, para 117,9 milhões de toneladas.
MAIS IRREGULARIDADES
A falta de uniformidade nos rendimentos observados nas lavouras de soja entre Mato Grosso do Sul e Goiás tende a ficar ainda mais evidente conforme a colheita ganha ritmo na região, segundo especialistas.
“A seca atingiu tanto a soja precoce quanto a tardia, porque tivemos uns 30 dias sem chuvas em dezembro e depois mais 15 agora em janeiro”, comentou o assistente técnico de vendas Luiz Henrique Brito Lemes, da Pantanal Agrícola, uma revendedora de insumos com atuação em todo o Centro-Oeste.
Conforme ele, há produtores relatando quebras de até 50 por cento na produtividade.
O tempo adverso que marcou o desenvolvimento das lavouras de soja, contudo, não tem sido observado neste momento inicial de colheita, pelo menos.
“Desde quinta-feira não para de chover”, disse Lemes.
As chuvas vêm em forma de pancada, com impactos pontuais sobre os trabalhos de colheita.
Para as próximas duas semanas, contudo, a previsão é de novamente precipitações abaixo da média em algumas regiões, o que pode dar um impulso à colheita de soja, mas ao mesmo tempo impactar o milho de segunda safra recém-plantado.
Conforme o Agriculture Weather Dashboard, do Refinitv Eikon, entre Mato Grosso do Sul e Goiás deve chover entre 50 e 150 milímetros até meados de fevereiro —isso significa precipitações abaixo da média em Mato Grosso do Sul; Goiás deverá ver chuvas dentro ou acima da média em boa parte do Estado.