O banco alemão Commerzbank considera que, apesar das importações de soja pela China terem recuado 13% em março, as aquisições da oleaginosa pelo país asiático devem aumentar significativamente nos próximos meses. “Por um lado, os atrasos nas entregas do Brasil estão sendo resolvidos e, por outro, mais soja também é esperada dos Estados Unidos. Embora a decepção tenha ocorrido quando a primeira fase do acordo foi assinada entre os EUA e a China, ainda que pedidos significativos não tenham se concretizado, os pedidos aumentaram bastante nos últimos tempos”, avalia a analista de commodities agrícolas do banco, Michaela Kühl, em relatório diário enviado para clientes. Em março deste ano, a China importou 1,7 milhão de toneladas dos EUA, volume 13,3% superior ao adquirido em igual mês do ano passado.

Como indicativos da retomada da demanda chinesa, a analista cita as vendas de mais de 600 mil toneladas de soja dos EUA para o país asiático observadas na semana passada. “Segundo relatos, a China planeja aumentar suas reservas estatais: fala-se em 10 milhões de toneladas de soja, 20 milhões de toneladas de milho e 1 milhão de toneladas de algodão. Fontes não oficiais afirmam que a maior parte deve ser importada dos EUA para cumprir as obrigações do país sob a fase 1 do acordo bilateral”, acrescenta Michaela. Ela destaca também que, se esses números forem comparados com os volumes habituais de importação da China, o destaque para o milho é expressivo, levando em conta que nos últimos anos a aquisição chinesa do cereal foi inferior a 5 milhões de toneladas. “A perspectiva de um aumento das exportações para a China poderia ajudar seriamente o afetado preço do milho nos EUA a recuperar-se em certa medida”, projeta a analista.

Quanto ao Brasil, o Commerzbank ressalta que as exportações da soja brasileira para a China caíram 25% em março na comparação com 2019, para apenas 2,1 milhões de toneladas. O banco atribui a queda anual aos atrasos na colheita da safra 2019/20 em virtude de chuvas no início dos trabalhos de campo. “Esses atrasos estão fazendo com que os embarques de soja sejam feitos mais tarde”, observa Michaela. (AE)