Compras escassas da China, a concorrência acirrada do Brasil e a crise do coronavírus dificultam as exportações de soja dos Estados Unidos, aponta o banco Commerzbank, em comentário diário enviado a clientes. “Os números de março, que até agora estão disponíveis apenas para mercadorias inspecionadas, e não para as realmente exportadas, apontam para o nível mais fraco desde pelo menos 2013”, observa a analista de commodities agrícolas do Commerzbank, Michaela Kühl.

O banco estima que o volume exportado de soja do país no primeiro semestre da safra 2019/20, de 30,5 milhões de toneladas, é 13% superior na comparação com igual período da temporada anterior, que foi dominada pelo conflito comercial entre Estados Unidos e China. Contudo, em relação à média do mesmo período das safras entre 2014 e 2018, o volume representa queda de 25%. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já espera em suas próximas previsões reduzir seus números para as exportações dos EUA e aumentar suas previsões para os estoques do país”, ressalta Michaela.

A instituição financeira destaca também o potencial de exportação do Brasil e a concorrência acirrada do país ante os Estados Unidos. “O Brasil, o maior rival dos EUA, exportou 11,6 milhões de toneladas de soja somente em março, por outro lado – 30% a mais do que o recorde anterior deste mês, que remonta a 2016, e o segundo maior valor mensal já alcançado”, ressalta Michaela. A analista explica que as exportações do País estão sendo favorecidas pela desvalorização do real ante o dólar, que sofreu “forte depreciação” desde o início de março e o fim da semana passada. “E a nova safra no Brasil está chegando ao mercado com cerca de 80% das lavouras colhidas”, acrescenta Michaela, citando que a previsão é de safra recorde, com as projeções mais otimistas estimando 124 milhões de toneladas e as mais pessimistas sugerindo 120 milhões de toneladas. (AE)