A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) também rebateu o estudo publicado na revista científica Science de que cerca de 20% da soja e pelo menos 17% da carne produzidas na Amazônia e no Cerrado e exportadas para a União Europeia estariam “potencialmente contaminadas” com o desmatamento ilegal. Críticas já haviam sido feitas pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que disse que o estudo “provoca uma visão distorcida e gera um valor elevado de soja associada a desmatamento de forma equivocada, pois não indica quanto das áreas identificadas com desmatamento ilegal já estão efetivamente embargadas pelas autoridades competentes” e “não demonstra as áreas de desmatamento legal e ilegal em que há produção de soja, optando por demonstrar o imóvel como um todo”.
Segundo o diretor-geral da Anec, Sergio Mendes, o setor está preocupado em manter o compromisso de não comprar soja de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. “Se há algum setor que tem se reunido de forma sistemática de 2006 para cá com as ONGs para resolver esse problema e punir as pessoas que desmatam, ao não comprar desses agentes, esse setor é o da soja”, disse Mendes ao Broadcast Agro. Segundo ele, não é possível atribuir à cadeia de soja mais do que 1,5% do desmatamento de área na Amazônia com base em levantamentos por satélite. “A sustentabilidade é uma preocupação diária nossa”, disse, ressaltando o risco de perda de mercados na Europa em caso de associação com desmatamento ilegal.
Em nota, a Abiove ressaltou que é responsabilidade da indústria verificar se a soja a ser originada foi produzida de acordo com a legislação vigente. “O rigor na execução da Moratória contribuiu para a queda do desmatamento da Amazônia associado à soja, uma vez que foram plantados apenas 80 mil hectares de soja em áreas desmatadas a partir de 2008, inclusive porque ao identificarmos soja plantada de forma irregular toda a propriedade é excluída da cadeia”, disse a associação.
“No entanto, a fiscalização e regularização das atividades do produtor nos imóveis rurais é responsabilidade das autoridades competentes, responsáveis pelo embargo da propriedade como um todo e disponibilização das listas oficiais de crime ambiental e trabalho escravo. Sempre que uma propriedade é embargada por irregularidades, as compras são automaticamente suspensas.” Segundo a Abiove, a responsabilidade sobre fiscalização das áreas sem soja não pode ser transferida para a indústria. “Se a tecnologia para esse monitoramento já está disponível e os dados do CAR comprovam de forma objetiva que há desmatamento ilegal nas áreas que não fazem parte da cadeia da soja, cabe aos órgãos competentes a notificação e embargo das propriedades.”
Consultada, a Aprosoja Brasil disse, em comunicado, que “não concorda com os dados divulgados pelo estudo, pois ele apresenta inconsistências”. (AE)