A petroleira Royal Dutch Shell decidiu reduzir o pagamento de dividendos aos acionistas pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial nesta quinta-feira, em uma dramática medida para preservar caixa à medida que a empresa se prepara para uma prolongada queda na demanda por petróleo devido à pandemia de coronavírus.

A empresa anglo-holandesa também suspendeu recompras de ações e disse que irá reduzir a produção de petróleo e gás em cerca de um quarto, após seu lucro líquido ter quase que caído pela metade nos primeiros três meses de 2020, quando somou 2,9 bilhões de dólares.

As novas medidas, combinadas com cortes em investimentos e planos para redução de custos anunciados no mês passado, deve possibilitar à Shell economia de 30 bilhões de dólares neste ano e ajudar a companhia a enfrentar a crise e se preparar para uma transição rumo à energia de baixo carbono.

“Nós estamos atravessando uma crise de incerteza”, disse o presidente-executivo da petroleira, Ben van Beurden. “Se nós não cortássemos o dividendo… nós ficaríamos sem opções para reposicionar a companhia para a recuperação e para o futuro.”

Por anos, a Shell se orgulhou de nunca ter cortado seus dividendos desde os anos 1940, resistindo mesmo durante fortes quedas no mercado de petróleo durante os anos 1980.

A companhia disse que os dividendos trimestrais serão reduzidos para 16 centavos de dólar por ação, de 47 centavos anteriormente, o que deve poupar 10 bilhões de dólares neste ano.

A Shell mudou os dividendos pela última vez no início de 2014, quando elevou-o de um patamar anterior de 45 centavos de dólar.

A Shell é a primeira das cinco principais petroleiras globais a cortar dividendos devido à crise do coronavírus. BP e Exxon Mobil mantiveram os dividendos do primeiro trimestre, enquanto Total e Chevron ainda não divulgaram seus resultados.

A Shell pagou cerca de 15 bilhões de dólares em dividendos no ano passado, o que fez dela a segunda maior pagadora mundial de proventos, atrás apenas da petroleira estatal Saudi Aramco, da Arábia Saudita. (Reuters)