As empresas brasileiras de carne bovina têm conseguido mitigar riscos para seus ratings relacionados ao impacto da cadeia produtiva no desmatamento e na emissão de gases causadores do efeito estufa com diversificação e programas de sustentabilidade, segundo relatório divulgado pela Fitch Ratings na segunda-feira (28).
“As implicações ambientais do desmatamento e das emissões de gases causadores do efeito estufa expõem o setor de proteínas da América Latina a riscos regulatórios e reputacionais”, disse a Fitch Ratings em relatório.
“Apesar de essa exposição poder ter efeito negativo nas exportações e no acesso aos mercados de capitais, programas de sustentabilidade para reduzir as emissões de gases do efeito estufa reduzem os riscos para o rating (das companhias) ao limitarem os potenciais efeitos na receita e no fluxo de caixa.”
No fim do ano passado, grandes redes de varejo europeias anunciaram planos para deixar de comprar carne bovina brasileira como resultado das preocupações com o desmatamento na Amazônia. Mas a Fitch afirma que esse mercado representa menos de 10% das exportações brasileiras do produto.
O Brasil é um dos mais de cem países que se comprometeram a acabar com o desmatamento até 2030 durante a Conferência da ONU COP26 no ano passado.
“O efeito (desse compromisso) na oferta de gado, preços, exportações e margens ainda é incerto, mas é neutro para os ratings no curto prazo diante do tempo que levará para implementá-lo”, disse a Fitch.
A estratégia de diversificação geográfica e de negócios adotada por grandes empresas de carne bovina brasileiras também contribui para mitigar riscos financeiros ou relacionados às exigências de sustentabilidade, segundo a agência.
JBS, Marfrig Global Foods e Minerva Foods têm expandido a produção de carne para outros países além da América Latina e ingressado no mercado de novas proteínas por meio de aquisições.
Os grandes processadores de carnes também desenvolveram programas de sustentabilidade com metas para reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa.
Apesar desses programas, o setor continua sob escrutínio de investidores, grupos ambientalistas e instituições financeiras.
Na semana passada, o IDB Invest, que faz parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), encerrou negociações com a Marfrig para a concessão de um financiamento de US$ 200 milhões. A Marfrig disse em nota que a suspensão do processo ocorreu por desacordo entre as partes sobre as condições financeiras propostas.
(CarneTec Brasil)