A segunda etapa de vacinação contra a febre aftosa no Brasil, envolvendo animais até dois anos de idade, deve consumir 90 milhões de doses da nova formulação, de 2 ml. A previsão é do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) e leva em consideração as alterações realizadas dentro do Plano Nacional de Erradicação da Aftosa (PNEFA).
Só na primeira etapa, realizada em maio, o Sindan avalia que foram aplicadas 200 milhões de doses da nova formulação da vacina. A expectativa, explica Emílio Salani, vice presidente executivo da entidade, é de que haja redução expressiva na ocorrência de abcessos vacinais – problema que levou à suspensão das exportações brasileiras de carne bovina para os EUA.
“Essa primeira campanha que aconteceu em maio, nós não tivemos nenhuma ocorrência de reação drástica, seja em extensão, seja no número de animais”, explica Salani. Os resultados efetivos, contudo, só poderão ser observados daqui dois anos, quando os animais imunizados forem abatidos.
Investimento
Ainda de acordo com Salani, o desenvolvimento da nova vacina envolveu o investimento de cerca de US$ 17 milhões no desenvolvimento de partidas pilotos, usadas em testes e protocolos exigidos pelo Ministério de Agricultura. Se considerado o atual calendário de remoção da vacina no país, programado para ocorrer nos próximos três anos, o valor deve representar um prejuízo para o setor.
“Se for fazer uma conta nua e crua, ela não fecha”, reconhece o vice-presidente do Sindan. A entidade, contudo, comemora os ganhos indiretos gerados pelo desenvolvimento da nova vacina, garantindo um “novo patamar sanitário” no Brasil. “existe um ganho indireto de ter um país com uma sanidade em dia, o que é fantástico nos dias de hoje”, explica Salani.
Adiamento
Diante das dificuldades financeiras enfrentadas por alguns Estados brasileiros, o Sindan não descarta que haja novos adiamentos no cronograma do Pnefa. “O bloco 1 foi adiado pra maios duas campanhas, Paraná foi antecipada. Então as antecipações e postergações são esperadas no plano”, explica Salani. Ele ressalta que a retirada da vacina é, na verdade, uma substituição da prevenção pelo monitoramento.
“Não estamos tirando a vacina, estamos substituindo a vacina por medidas de segurança. E não são medidas para alguns meses, são pelo resto da vida”, alerta o executivo. Entre as orientações dadas pelo Governo Federal ao setor, há necessidade de que o calendário não coincida com mudanças governamentais, como ocorreu em 2018, contribuindo para os adiamentos observados este ano.
“Esse foi o aprendizado de 2018. Porque quando você muda de status, o governador daquele estado assume uma série de compromissos que não serão executados por ele. Caso haja reeleição, ok, Mas se houver mudanças, será preciso conscientizar o novo governo de que o programa precisa ter prioridade”, avalia Salani. (Portal DBO)