Em entrevista ao jornal japonês Nikkei Asia, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, indicou não descartar uma nova aceleração do ritmo de alta da taxa Selic. Na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC apertou o passo de 1,00 ponto porcentual para 1,50 ponto porcentual, levando a taxa a 7,75% ao ano. Além disso, o colegiado indicou novo aumento de igual magnitude em dezembro, o que levaria a Selic a 9,25%. “Se for necessário aumentar a taxa em mais de 1,50 ponto porcentual, nós precisaremos fazer isso”, disse Serra, na entrevista, concedida na última quinta-feira.
O diretor de Política Monetária ainda reforçou que o BC segue mirando a meta de inflação de 2022, embora o mercado financeiro pareça cada vez mais descrente do cumprimento desse objetivo. “Nós ainda estamos perseguindo o centro da meta de 2022.”
Ontem, o Boletim Focus mostrou que a mediana para o IPCA, o índice oficial de inflação, de 2022 aumentou pela 16ª vez consecutiva, de 4,55% para 4,63%, mais perto do teto (5%) do que do centro (3,50%) da meta. O Copom, por sua vez, projeta 4,10% no cenário básico, conforme a estimativa informada no encontro de outubro.
TETO DE GASTOS
Quanto às discussões fiscais sobre a ampliação do Bolsa Família, Serra disse que o mercado questiona “a estabilidade do arcabouço do teto de gastos que funcionou muito bem desde 2016”. O diretor acrescentou, segundo a entrevista, que um aumento de gasto não pode ocorrer sem a redução de outras despesas.
Sobre o cenário externo, conforme a entrevista ao Nikkei Asia, Serra disse que o início da normalização monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) já era esperado e que os participantes do mercado se prepararam “muito bem”. Depois de injetar cerca de US$ 4,3 trilhões na economia na pandemia, o Fed confirmou, na quarta-feira passada, que começará a fechar as torneiras.
O diretor do BC afirmou que é “razoável esperar” que a primeira alta de juros nos Estados Unidos ocorra no segundo semestre de 2022. Serra também considerou que países emergentes, incluindo o Brasil, não devem sofrer grande impacto quando o Fed iniciar a alta de juros norte-americanos.
(Estadão Conteúdo)