As safras de milho e soja devem bater recordes de produção neste ano no Brasil, impulsionadas pelas condições climáticas e pela guerra na Ucrânia, segundo previsão de maio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE.
O Brasil deve produzir 263 milhões de toneladas de cereais, oleaginosas e leguminosas em 2022, segundo estimativa do IBGE, alta de 0,6% frente à projeção de abril, e de 3,8% em relação aos 253,2 milhões de toneladas da safra de 2021.
O arroz, o milho e a soja são os alimentos que correspondem à maior parte da estimativa de produção do IBGE, equivalente a 91,7%, e da colheita, somando 87,4%.
O milho é o destaque da projeção, com crescimento estimado de 27,6% em comparação com a safra do ano passado, no total de 112 milhões de toneladas em 2022.
A projeção leva em conta as condições climáticas boas, principalmente no Mato Grosso e no Paraná, os maiores produtores de milho, segundo o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes. No ano passado, o atraso no plantio e a falta de chuvas atrapalharam a safra do cereal.
As perspectivas para o trigo também melhoraram, com avanço de 12,1% em relação aos dados projetados em abril, e de 13,6% na comparação com 2021. Os pesquisadores do IBGE esperam que a safra deste ano atinja 8,9 milhões de toneladas.
O Sul deve ser responsável por 89,9% das atividades, puxado pelo Paraná, maior cultivador de trigo do país, que possui 43,7% de participação na produção.
Guedes atribuiu a alta na projeção para o trigo à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois países importantes na produção e exportação do grão. “O conflito fez os produtores brasileiros expandirem as áreas de plantio. Se tiver uma boa condição climática, a produção deve ser recorde em 2022”, explicou Guedes. O IBGE, no entanto, informou que o Brasil ainda precisará importar o produto para atender ao consumo interno.
Já a safra da soja, principal produto de exportação do Brasil, foi impactada pela seca nos estados do Sul, em parte de Mato Grosso do Sul e em São Paulo. “Os problemas climáticos fizeram a produção cair 12,1% na comparação com 2021”, disse Guedes. Mesmo assim, ele reiterou que o item segue na liderança, correspondendo a 45,1% do total da produção prevista para o grupo.
Apesar de estar entre os alimentos que puxarão a produção segundo as estimativas, a safra de arroz deve atingir 10,6 milhões de toneladas neste ano, o que equivale a um recuo de 8,4% frente a 2021, devido principalmente à falta de chuvas.
“Embora seja uma cultura irrigável, os produtores tiveram que racionar a água da irrigação, o que fez a produção cair”, explicou Guedes, que ressaltou que a quantidade a ser produzida, contudo, deve ser suficiente para atender à demanda interna do país.
(TC)