A Rússia disse nesta quarta-feira que retomará sua participação em um acordo que libera as exportações de grãos da Ucrânia, revertendo um movimento que líderes mundiais disseram ameaçar aumentar a fome no mundo.
Moscou anunciou a reversão repentina após a Turquia e as Nações Unidas ajudarem a manter o fluxo de grãos ucraniano por vários dias sem a participação russa nas inspeções.
O Ministério da Defesa russo justificou a reviravolta dizendo ter recebido garantias de Kiev de que o corredor de grãos do Mar Negro não será utilizado para operações militares contra a Rússia. Kiev não comentou imediatamente sobre a questão, mas já negou no passado que tenha usado o corredor de transporte como cobertura para ataques.
“A Federação Russa considera que as garantias recebidas no momento parecem suficientes e retoma a implementação do acordo”, disse o comunicado do ministério russo.
O acordo de grãos, originalmente firmado três meses atrás, dispersou uma crise mundial de alimentos ao suspender o bloqueio russo à Ucrânia, país que é um dos maiores fornecedores do mundo. A perspectiva de que o tratado poderia desmoronar nesta semana reavivou os temores de fome global e elevou os preços dos suprimentos.
A Rússia suspendeu seu envolvimento no acordo no sábado, dizendo não poder garantir a segurança dos navios civis que cruzam o Mar Negro após um ataque à sua frota. A Ucrânia e os países ocidentais chamaram o argumento de falso pretexto para “chantagem” fazendo o uso de ameaças ao fornecimento global de alimentos.
Mas a suspensão da Rússia não impediu os embarques, que foram retomados na segunda-feira sem a participação de Moscou, em um programa apoiado pela Turquia e pelas Nações Unidas. De acordo com o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse ao seu par turco que o acordo voltaria.
“Os transportes de grãos continuarão conforme acordado anteriormente a partir das 12h de hoje”, disse Erdogan, aparentemente lendo uma nota que um assessor passou a ele enquanto se dirigia a membros de seu partido AK.
(Reuters)