A Rússia atingiu portos ucranianos nesta terça-feira, um dia depois de sair de um acordo apoiado pela ONU para permitir que Kiev exportasse grãos, e Moscou reivindicou ganhos no campo de batalha em uma área onde autoridades ucranianas disseram que as forças russas estavam voltando à ofensiva.
A Rússia descreveu uma onda de ataques com mísseis e drones nos portos da Ucrânia como “ataques de vingança em massa” em retaliação aos ataques de drones marítimos ucranianos que derrubaram sua ponte rodoviária para a Península da Crimeia ocupada.
Logo depois que a ponte foi atingida na segunda-feira, Moscou retirou-se de um acordo de exportação de grãos negociado há um ano, uma medida que a ONU disse que poderia gerar fome em todo o mundo.
A queda de destroços e ondas de explosão danificaram várias casas e infraestrutura portuária não especificada no principal porto da Rússia, Odessa, de acordo com o comando militar operacional do sul da Ucrânia. As autoridades locais em Mykolaiv, outro porto, descreveram um incêndio grave ali.
Os ataques russos aos portos fornecem “mais uma prova de que o país-terrorista quer colocar em risco a vida de 400 milhões de pessoas em vários países que dependem das exportações de alimentos ucranianos”, afirmou Andriy Yermak, chefe da equipe presidencial da Ucrânia.
A Força Aérea da Ucrânia disse que seis mísseis Kalibr e 31 dos 36 drones foram abatidos. Moscou, por sua vez, declarou ter frustrado um ataque de drone ucraniano na Crimeia, sem grandes danos no terreno, e reaberto uma única faixa de tráfego rodoviário na ponte da Crimeia.
Seis semanas depois que a Ucrânia lançou uma contraofensiva no leste e no sul, a Rússia está montando uma ofensiva terrestre própria no nordeste.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças avançaram 2 km nas proximidades de Kupiansk, um centro ferroviário da linha de frente recapturado pela Ucrânia em uma ofensiva no ano passado. Kiev reconheceu os intensos combates na área e disse que a Rússia está fazendo um grande esforço ali. A Reuters não pôde verificar a situação de forma independente.
Desde que a Ucrânia iniciou sua contraofensiva no mês passado, Kiev recapturou algumas aldeias no sul e território ao redor da cidade arruinada de Bakhmut, no leste, mas ainda não tentou um grande avanço nas linhas russas fortemente defendidas.
O acordo de exportação de grãos do Mar Negro negociado há um ano pela Turquia e pelas Nações Unidas foi um dos únicos sucessos diplomáticos da guerra, suspendendo um bloqueio russo de fato aos portos ucranianos e evitando uma emergência alimentar global.
Ucrânia e Rússia estão entre os maiores exportadores mundiais de grãos e outros alimentos. Se o grão ucraniano for novamente bloqueado no mercado, os preços podem disparar em todo o mundo, atingindo mais duramente os países mais pobres.
“A decisão da Federação Russa será um golpe para as pessoas necessitadas em todos os lugares”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na segunda-feira.
A Rússia diz que poderia voltar ao acordo de grãos, mas apenas se suas exigências forem atendidas para que as regras sejam facilitadas para suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes.
(Reuters)