Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto
Na última semana, falamos nesta coluna sobre as variações dos preços futuros do milho, quando movimentações técnicas apontavam para ajustes da curva futura – estreitando a diferença existente entre os contratos.
O movimento previsto se confirmou, mas além das variações técnicas, outros novos fatores foram importantes para as variações recentes.
O primeiro foi o avanço das negociações no mercado físico, que se aqueceram pelas cotações sustentadas em Chicago e com a recuperação do dólar (subindo 1,10% nos últimos 7 dias).
E a maior inclinação vendedora, que aliás acontece em momento de recomposição dos estoques, aliviaram os preços de balcão.
O segundo ponto, e que continuará fundamental para a precificação, são as condições climáticas para o desenvolvimento da safrinha.
Neste sentido, o tempo quente e seco a partir de dezembro pressionou para cima as cotações. Já na metade de janeiro, o retorno das chuvas melhora a percepção do clima sobre as culturas em campo, diminuindo a pressão sobre os preços.
E com os mapas climáticos até o início de fevereiro apontando para condições favoráveis, a curva futura pode se ajustar para baixo se o tempo mais úmido for confirmado.
Observe pelo gráfico 1 como os valores responderam ao cenário descrito acima, alcançando um novo equilíbrio de preços mais altos a partir de dezembro.
E enquanto o contrato de março responde rapidamente pelas especulações climáticas, o vencimento para setembro tem variações mais comedidas.
Isso porque o prazo mais longo imprime maior risco para os vencimentos do 2º semestre, especialmente com a indefinição sobre a safrinha.
Observe no gráfico 2 como suas cotações distanciaram-se em relação ao indicador do mercado à vista (CEPEA) e do contrato mais curto (mar/19).
Sendo a manutenção dos atuais patamares desde o início de novembro, o que sugere a oportunidade de hedge. Observe ainda como os limites máximos e mínimos têm sido respeitados nos últimos meses.
É fato que pelo cenário mais longo, este insumo ainda não está totalmente precificado. Afinal, se o país colher 91 milhões de toneladas esse equilíbrio pode ceder.
Por outro lado, a expectativa é de demanda em alta neste ano, e dado o risco climático, oportunidades de hedge podem ser aproveitadas. Neste caso, a recomendação seria fixar parte da necessidade do 2º semestre por meio destes patamares que se conservam em torno de R$ 34,80/sc.
E em caso de problemas climáticos ao longo da safrinha, a operação financeira compensaria elevação dos custos. Mas se as projeções de oferta atuais se confirmarem (com recuo dos preços) então a originação no mercado à vista aconteceria com preços menores.
Vale destacar que os contratos futuros compreendem ainda outros pontos chaves, como acompanhamento próximo da movimentação em bolsa, timing da operação e ajustes diários.