O Produto Interno Bruto (PIB) ficará com crescimento próximo de zero até a aprovação das reformas. Com a expectativa de melhora do emprego e da renda das famílias, o impulso da atividade em 2019 virá apoiado nos setores de comércio e serviços.

As projeções da 4E Consultoria, por exemplo, apontam para um crescimento de 0,3% na atividade econômica do primeiro trimestre deste ano. Segundo Giulia Coelho economista da consultoria, o movimento vem pela falta de uma sinalização mais forte de que as reformas necessárias serão aprovadas.

“O governo ainda é uma grande caixa preta. Temos algumas reformas, principalmente a da Previdência que, dependendo se sair ou não, vai ter um impacto muito significativo na economia deste ano”, avalia a especialista.

Na Tendências Consultoria, que trabalha com a perspectiva de aprovação das reformas, a expectativa é de que a composição da atividade econômica para 2019 seja trazida pelo maior consumo das famílias, pelo crescente investimento das empresas e pela melhora do crédito.

“O que permite essa expansão adicional é a perspectiva de que o mercado de trabalho melhore e a estimativa de que o quadro inflacionário continue benigno ao longo deste ano. Mas é importante perceber que mesmo com a maior confiança dos agentes, ainda temos um cenário internacional desfavorável e um governo que não terá mais papel de propulsor da economia”, complementa o analista da Tendências, Thiago Xavier.

Já na análise setorial, o economista da Pezco Economics Helcio Shiguenori Takeda aponta melhores avanços em comércio e serviços, mas um retorno ainda baixo na indústria, e a depender da resolução sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, possíveis reflexos no agronegócio.

“Se o ritmo continuar, teremos comércio e serviços puxando a retomada da atividade econômica e, em seguida, o setor industrial indo na esteira de um processo de recomposição dos estoques e criando uma dinâmica mais favorável. Já em agro, é possível que haja redução na comparação interanual, já que a base de 2018 foi bastante robusta no setor”, comenta o especialista.

Projeções

No entanto, os movimentos mais próximos da estabilidade já serão vistos nos resultados do quarto trimestre de 2018. Apesar das projeções da 4E serem de uma alta de 0,8% frente aos três meses imediatamente anteriores, tanto a Pezco quanto a Tendências preveem um estacionamento do PIB na mesma relação – alta de 0,2% e estabilidade, nesta ordem.

“Existem duas justificativas para o dinamismo dos últimos três meses de 2018. Primeiro, o impacto que a greve dos caminhoneiros teve na atividade econômica e, em segundo lugar, a volatilidade e as incertezas das eleições”, analisou Takeda, da Pezco Economics.

Segundo a economista da 4E, os resultados do quarto trimestre devem sentir a baixa recuperação da Indústria, a qual ainda “deve decepcionar um pouco” em termos de retomada. “Desde a greve dos caminhoneiros, a indústria é um segmento que tem sofrido muito”, avalia Coelho.

Para Xavier, no entanto, mesmo que o crescimento dos últimos três meses de 2018 estejam próximo à estabilidade, a base de comparação está elevada desde a mudança vista entre o segundo e o terceiro trimestres. “O efeito denominador com base mais fraca dá um alívio nessa relação, mas mostra o quanto a economia está demorando para recuperar as perdas da crise. A expectativa é de melhora gradativa ao longo de 2019”, conclui. (DCI)