A Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou, na tarde desta terça-feira (17/3), que a entidade irá avaliar diariamente a situação dos mercados importadores de carne brasileira durante a pandemia do coronavírus para planejar as exportações futuras. Antônio Jorge Camardelli, presidente da associação, disse que as indústrias que compõem a entidade esperam uma queda brusca na demanda como consequência das quarentenas obrigatórias em alguns países, como a Itália e a França. A crise deve atingir todas as empresas do setor, grandes e pequenas, com maior ou menor capilaridade nos países europeus.
Segundo ele, o setor de food service será o mais atingido. “A avaliação é que a crise atinja o setor de food service porque a determinação sanitária nos países é de isolamento das pessoas, ou seja, esse segmento não vai ter demanda”, explica o executivo. “Com bares e restaurantes fechados e a proibição do turismo na maior parte dos países, o consumo de carnes vai cair. Em casa, as pessoas consomem menos carnes”.
Para evitar transtornos no Brasil, as indústrias frigoríficas determinaram férias coletivas aos seus funcionários desde a última segunda-feira (16/3). “Essa determinação foi tomada para que não haja prejuízos maiores nas indústrias, mas não significa que vá faltar carne”, afirmou. “Estamos muito preocupados com a situação, mas é preciso avaliar diariamente quais serão seus desdobramentos. Se for preciso, vamos sim, rever os processos e revisar o trabalho”.
De acordo com Camardelli, a China – que enfrentou a crise do coronavírus nos últimos três meses com mais intensidade e já registra queda nos casos – está começando a retomar a movimentação de compras. “O problema, neste caso, está na política de algumas empresas marítimas, que só permitem que seus navios voltem ao Brasil carregado de mercadorias. “Precisamos todos ser responsáveis neste momento e rever nossas políticas”.
A Abiec estima que a crise gerada pela pandemia de coronavírus possa durar entre três e quatro meses e a normalidade deve ser restabelecida já no segundo semestre do ano. (Globo Rural)